SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) confirmou nesta sexta-feira (16) a detecção do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade em uma granja de aves comerciais no Rio Grande do Sul.

A detecção, que pode levar a embargos comerciais, ocorreu no município gaúcho de Montenegro de 64 mil habitantes, e é o primeiro foco da doença registrado em sistema de avicultura comercial no país, disse a pasta, em comunicado.

O ministro Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) decretou emergência zoossanitária por 60 dias no município de Montenegro, em um raio de dez quilômetros ao redor do estabelecimento onde foi encontrado o vírus da influenza aviária de alta patogenicidade. Essa área pode ser alterada posteriormente pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa.

O ministério disse que está tomando as medidas necessárias para conter e erradicar o foco, além de realizar a comunicação oficial à OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal), aos parceiros comerciais do Brasil e outros.

“As medidas de contenção e erradicação do foco previstas no plano nacional de contingência já foram iniciadas e visam não somente debelar a doença, mas também manter a capacidade produtiva do setor, garantindo o abastecimento e, assim, a segurança alimentar da população”, explicou o comunicado.

O Brasil, maior exportador de frango do mundo, confirmou os primeiros surtos da gripe aviária altamente patogênica entre aves selvagens em maio de 2023 e, desde então, registrou surtos na natureza em pelo menos sete Estados.

Após o primeiro surto, o Japão suspendeu as compras de aves do Espírito Santo, onde na época um surto foi confirmado em uma fazenda não comercial.

A doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves ou de ovos, afirmou o ministério, observando que o risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas.

“A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo”, diz o comunicado.

Segundo o ministério, o Serviço Veterinário brasileiro está treinado e equipado para enfrentar a doença desde a primeira década dos anos 2000. As ações adotadas incluem o monitoramento de aves silvestres, a vigilância epidemiológica na avicultura comercial e de subsistência, e o treinamento constante de técnicos, acrescentou.

Na terça-feira (13), o parque zoológico de Sapucaia do Sul, a 50 quilômetros de Montenegro, também registrou mortes de 38 cisnes e diferentes espécies de patos. O parque está fechado de forma preventiva desde então e investiga os casos estudando amostras dos animais e dos lagos que eles habitavam.

“Os veterinários da Sema [Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul] estão atentos e acompanhando possíveis sintomas nos demais animais”, disse a secretaria em nota. A previsão é de que as visitas voltem a ocorrer neste sábado (17).

O vírus da influenza H5N1 tem avançado entre diferentes animais nas Américas nos últimos anos. Nos Estados Unidos, em 2024, houve registro de gripe aviária em gado leiteiro e, na Argentina e no Chile, houve casos em leões marinhos, sendo alguns fatais.