SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O fluxo de migrantes pelo estreito de Darién, rota migratória entre a Colômbia e o Panamá, provocou nos últimos anos, além de sofrimento humano, destruição ambiental, disse o governo panamenho à revista Newsweek. Segundo o ministro do Meio Ambiente do país centro-americano, o governo de Donald Trump deveria “ajudar a limpar” a região que, segundo ele, foi danificada durante a Presidência de Joe Biden.
“A migração em massa foi um desastre social, humano e ambiental perfeito”, disse o ministro Juan Carlos Navarro, ex-prefeito da Cidade do Panamá e defensor ambiental de longa data, à publicação americana. “Florestas e rios foram poluídos. Há resíduos plásticos, matéria fecal e até restos humanos. Ainda não limpamos, mas precisamos limpar. Esperamos por uma suposta ajuda dos EUA que nunca chegou.”
Segundo a revista, o governo do Panamá estima que 2.500 toneladas de lixo tenham sido deixadas para trás, incluindo recipientes de gasolina, montanhas de plástico e até esqueletos humanos. Comunidades indígenas do Darién vêm alertando que o ecossistema e seus modos de vida estão sendo destruídos.
Testes de água feitos em 2024 detectaram níveis perigosos de coliformes fecais no rio Turquesa, uma das principais fontes de água para as comunidades indígenas locais, ainda de acordo com a publicação.
Para lidar com o problema, o ministro panamenho afirmou que seu país conta com a ajuda de Washington. Ele disse que o governo Biden prometeu US$ 3 milhões para a limpeza, mas que os recursos nunca chegaram. “Era tudo mentira. Nunca recebemos um centavo”, disse Navarro à Newsweek.
Em 2023, durante o governo Biden, a migração pelas trilhas de Darién, uma área também apelidada de “selva da morte”, bateu recordes, com mais de 500 mil pessoas fazendo a travessia em busca de melhores condições de vida, segundo dados do governo do Panamá.
Milhares de pessoas passavam dias para atravessar a floresta e depois eram transportadas em barcos estreitos pelos rios. A maioria era deixada em Lajas Blancas, onde se amontoavam em acampamentos lotados de famílias e embarcavam em ônibus para cruzar o Panamá e continuar viagem rumo ao norte.
Desde que Trump assumiu a Presidência, seu governo, que tem como uma das principais marcas a linha dura contra a imigração, efetivamente cortou o acesso ao asilo na fronteira entre os EUA e o México.
Após as medidas restritivas do governo Trump, o estreito de Darién praticamente esvaziou. O fluxo diário de mais de mil migrantes caiu para cerca de dez por semana no vilarejo de Lajas Blancas, onde antes funcionava um dos principais acampamentos da região, segundo a agência de notícias Associated Press. A mudança ocorreu ainda após pressões dos EUA sobre países latino-americanos para conter a migração.