SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Marfrig afirmou em fato relevante nesta quinta-feira (15) que vai incorporar a totalidade das ações de emissão da BRF ainda não detidas pela companhia. O negócio, afirmam as empresas, dará origem à MBRF, um negócio global do setor de carnes e alimentos processados com receita de R$ 152 bilhões ao ano.

Com a conclusão da incorporação, a BRF, maior produtora brasileira de frango e dona das marcas Sadia e Perdigão, vai se tornar uma subsidiária integral da Marfrig, que tem foco em carne bovina e parte de suas operações nos Estados Unidos e no Brasil.

As empresas projetam um aumento de receitas e redução de custos estimado em R$ 485 milhões por ano, redução de despesas estimada em R$ 320 milhões por ano e otimização fiscal de R$ 3 bilhões.

A incorporação terá como contrapartida a entrega aos acionistas da BRF, exceto pela própria Marfrig, de ações ordinárias de emissão da empresa controladora.

“A incorporação de ações visa à criação de uma empresa global de alimentos com base em uma plataforma multiproteínas, forte presença nos mercados doméstico e internacional, diversificação de portfólio, escala, eficiência e sustentabilidade, conferindo benefícios significativos para as ambas as companhias”, disseram as empresas em fato relevante conjunto.

A mudança ocorre quatro anos depois que o magnata Marcos Molina, presidente do conselho da Marfrig, iniciou uma investida para assumir o controle da BRF, que incluiu compras agressivas de ações a preços baixos. Hoje, a empresa já possui 50,49% de participação na dona da Sadia.

A aposta valeu a pena, já que a unidade se beneficiou de uma bonança no mercado de frango, que impulsionou seus lucros e aumentou a perspectiva de pagamentos de dividendos expressivos.

As empresas estimam que os custos totais da incorporação serão de cerca de R$ 24 milhões, incluídas as despesas com publicações, auditores, avaliadores, assessores legais e financeiros e demais profissionais.

Com a operação, a BRF irá pagar R$ 3,5 bilhões em dividendos e a Marfrig irá distribuir R$ 2,5 bilhões. A incorporação deve ser aprovada pelas assembleias das empresas marcadas para 18 de junho.

Caso seja aprovada, a empresa alterará sua denominação social de Marfrig Global Foods S.A. para MBRF Global Foods Company S.A.

O acesso mais fácil à robusta geração de caixa da BRF provavelmente ajudaria a Marfrig a superar a grave escassez de gado que tem aniquilado os lucros de sua operação de carne bovina nos EUA.

A Marfrig foi avaliada em 8,3 vezes seu valor empresarial em relação aos lucros projetados antes de itens como juros e impostos, o que é quase o dobro da avaliação das ações da BRF, dando à empresa de Marcos Molina uma vantagem.

A Marfrig divulgou nesta quinta-feira (15) lucro líquido atribuído ao controlador de R$ 88 milhões no primeiro trimestre, crescimento de 40,3% na comparação com o mesmo período do ano passado.

O Ebitda ajustado da processadora de alimentos somou R$ 3,2 bilhões no período, avanço de 20,8% em base anual, quase em linha com a expectativa média de analistas em pesquisa da LSEG, de R$ 3,01 bilhões.

RAIO-X | MARFRIG 1º TRI 2025

– Fundação: 2000

– Lucro líquido: R$ 88 milhões

– Funcionários: cerca de 30 mil

– Produtos: carne bovina, alimentos processados e produtos vegetais

– Mercados: Brasil, EUA, Ásia e Europa

– Principais concorrentes: JBS, Minerva Foods e Tyson Foods

RAIO-X | BRF 1º TRI 2025

– Fundação: 2009 (fusão da Perdigão e Sadia)

– Lucro líquido: R$ 1,2 bilhão

– Funcionários: cerca de 100 mil

– Produtos: carne suína e de frango e alimentos processados

– Mercados: Brasil, Oriente Médio, Ásia e América do Sul

– Principais concorrentes: JBS, Tyson Foods e Aurora Alimentos