SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma carta publicada no Jama Cardiology (Journal of the American Medical Association) na quarta-feira (14) pontuou que eficácia limitada, recuperação de peso e alta prevalência de efeitos adversos são as principais limitações relacionadas ao uso de semaglutida.

O conteúdo foi publicado em resposta a uma pesquisa Select, divulgada na terça-feira (13) na 32ª edição do Congresso Europeu de Obesidade (ECO, na sigla em inglês), que constatou que mais da metade dos adultos dos Estados Unidos seriam elegíveis para o uso de semaglutida para a perda de peso e redução da mortalidade por doenças cardiovasculares.

Segundo a autora da carta do Jama, Vanita Rahman, a pesquisa não aponta que existem outras limitações importantes, apesar dos autores citarem corretamente o acesso e o custo como barreiras para o acesso à semaglutida.

No estudo, os autores ainda destacaram que a semaglutida é uma opção de tratamento de alto custo com cobertura inconsistente por seguros de saúde dos EUA, excedendo US$ 1.600 por mês (cerca de R$ 8.975,04). De acordo com a carta, no entanto, outras limitações e riscos significativos associados ao tratamento também merecem atenção.

Um deles é o platô atingido pela perda de peso com o medicamento, ou seja, o IMC (índice de massa corporal) permanece médio na categoria de obesidade. No estudo, a perda de peso dos pacientes observados atingiu esse platô por volta da 65ª semana de tratamento e, após 4 anos, apenas 12% dos participantes atingiram um IMC normal e 44,6% e 43,3% tinham sobrepeso e obesidade, respectivamente.

A carta ainda aponta o peso recuperado após a interrupção do medicamento. “No estudo de extensão, foi observada uma rápida recuperação de peso com a descontinuação da semaglutida”, diz.

O documento ressalta que a semaglutida está associada a uma alta prevalência de eventos adversos e existem várias questões sobre sua segurança a longo prazo. No estudo, os efeitos colaterais que levaram à descontinuação permanente do tratamento ocorreram em 16,6% dos participantes que recebiam o medicamento e em 8,2% daqueles que recebiam placebo.

A carta mostra que, num estudo observacional, o tratamento com semaglutida para diabetes e perda de peso foi associado a um risco de 4 a 7 vezes mais chances de desenvolvimento de neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica.

Condições como obesidade e sobrepeso são prevalentes e relacionadas a altas de mortalidade. De acordo com o texto da Jama, embora o tratamento com semaglutida tenha levado a uma perda de peso significativa durante ensaios clínicos, o estudo não considerou os riscos e limitações associados, que são importantes.

Em contrate, dietas à base de plantas, segundo o documento da revista científica, são algumas das opções com boas evidências científicas e baixo custo para manutenção do peso e melhoria nos fatores de risco cardiometabólicos.