BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Pessoas próximas ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmam ter tornado-se improvável a permanência de Ednaldo Rodrigues no comando CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
O cartola foi novamente afastado do cargo nesta quinta-feira (15) pela Justiça do Rio de Janeiro após Gilmar ter determinado a apuração da suposta existência de uma assinatura falsificada em um acordo que buscava dar fim a litígios internos na entidade máxima do futebol brasileiro.
De acordo com essas pessoas, o alinhamento entre Gilmar e Ednaldo se estremeceu devido à crescente repercussão pública da proximidade entre magistrado e cartola e por supostos desentendimentos de combinados que teriam sido feitos meses atrás.
Integrantes da CBF afirmam que a permanência de Ednaldo no comando da confederação era sustentada, principalmente, devido à relação com Gilmar.
Desde agosto de 2023, o IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), do qual o ministro é sócio e fundador, tem uma parceria com a entidade esportiva para gerir os cursos da CBF Academy.
O ministro do STF foi o autor da decisão que reconduziu Ednaldo ao cargo em janeiro de 2024, suspendendo decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
O magistrado disse à época em sua decisão que a anulação de um termo firmado entre a entidade e o Ministério Público do Rio de Janeiro, sem maior análise aprofundada, havia exposto a CBF a graves consequências que poderiam “afetar o adequado funcionamento do futebol brasileiro como um todo”, resultando inclusive em sanções da Fifa (Federação Internacional de Futebol).
Esse acordo é o mesmo que motivou a decisão da Justiça do Rio de afastar novamente o cartola.
A deputada federal Daniela Carneiro (União-RJ) e o empresário Fernando Sarney, vice-presidente da CBF e filho do ex-presidente da República José Sarney, ingressaram no âmbito de ação direta de inconstitucionalidade que trata da legitimidade de intervenções do Judiciário em questões internas de entidades esportivas, da qual Mendes é relator.
Eles afirmaram ser falsa a assinatura nesse acordo de Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido como Coronel Nunes, que foi presidente interino da CBF.
Gilmar negou o pedido de afastamento na semana passada, mas determinou ao Tribunal de Justiça do Rio Janeiro que apurasse as “notícias e graves suspeitas de vícios de consentimento” apresentadas pelas petições, o que foi interpretado por pessoas a par do caso como um claro sinal de rompimento.
Um possível recurso contra a decisão do TJ do Rio deve ser analisado, novamente por Gilmar.
No dia 28 de maio, o STF dará continuidade ao julgamento da ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 7580, que avalia a legitimidade do Ministério Público para firmar esse tipo de acordo com entidades esportivas.
A nova crise na CBF ocorre três dias depois de Ednaldo anunciar o badalado técnico italiano Carlo Ancelotti, 65, como o novo comandante da seleção brasileira de futebol.
De acordo com dirigentes da CBF, Ednaldo teve pressa em fechar o acordo e fazer o anúncio com o objetivo de tentar aplacar as movimentações por sua queda e abafar a repercussão de sua convocação para comparecer a uma audiência no TJ-RJ para falar sobre a suspeita da falsificação da assinatura de Coronel Nunes.