SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O violonista e compositor gaúcho Yamandu Costa nega as acusações de agressão e abuso sexual feitas por uma mulher com quem o artista se relacionou por cerca de três meses.

Segundo ela, que prefere não se identificar, o músico teria praticado violência física, sexual e psicológica em diferentes ocasiões, algo que ele diz ser uma inverdade. Em um comunicado enviado por sua defesa, o artista apresenta a sua versão dos fatos ponto por ponto.

Em seu relato, a mulher afirma ter levado um tapa no rosto no Bar Tejo, em Lisboa. A suposta agressão teria sido testemunhada por outras pessoas. Em sua nota de defesa, Costa inclui o depoimento de Miracelia de Freitas Fragoso, proprietária do bar em que a briga teria acontecido.

A empresária, que afirma ter estado com o casal na ocasião, diz ter presenciado uma discussão acalorada, mas que não viu nenhuma agressão física.

Na denúncia, a mulher também afirma que o filho do músico teria testemunhado agressões físicas contra ela. A compositora Elodie Bouny, ex-mulher do artista, diz que a criança teria visto uma discussão verbal, e não uma violência física.

“O relato [da criança] foi feito de forma espontânea, no calor do momento, sem qualquer tipo de pressão ou intenção de proteger alguém; apenas com forte carga emocional e evidente raiva diante da cena que presenciou”, afirma Bouny, em nota.

A denunciante diz ainda que teria sido abusada sexualmente por Costa enquanto dormia, em ocasiões nas quais ela teria tomado remédios que induzem sono profundo. A mulher afirma que, em um desses momentos, quando acordou, sentia dores vaginais e tinha vestígios de sêmen por seu corpo.

Um documento do Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses da Catalunha, obtido pela Folha de S.Paulo, afirma que a mulher apresentava hematomas compatíveis com a agressão denunciada.

As relações sexuais sem consentimento teriam se repetido mais duas vezes na residência do músico. Na terceira ocasião, ele teria oferecido um medicamento hipnótico a ela antes do novo abuso -a substância foi encontrada em seu sangue quando foi examinada pelo IML catalão.

Por meio de sua defesa, Costa diz que o exame aponta, na verdade, a presença de lorazepam -um ansiolítico de uso controlado. “Nas conversas mantidas com Yamandu, a própria acusadora admite fazer uso contínuo de substâncias dessa natureza. O exame não permite aferir autoria, dose ou tempo da ingestão”, afirma a nota.

O caso veio a público nas redes sociais, nesta semana, num vídeo da portuguesa Inês Marinho, fundadora do movimento Não Partilhes -que atua contra a divulgação de imagens íntimas de mulheres, feitas sem autorização- relatando as agressões.

Neste vídeo, Marinho mostrou prints de mensagens trocadas entre ela e Costa. É possível ver o artista dizer não se lembrar da agressão, pede desculpas e afirmar que foi “sem querer”. A defesa do músico, no entanto, diz que as mensagens foram editadas para incriminá-lo.

“A íntegra da conversa, em posse da defesa, não contém qualquer admissão de culpa ou violência. Revela perplexidade, desentendimentos e tentativas de reconciliação, mas nenhum conteúdo que configure ameaça, coação ou agressão”, diz o documento, assinado pelos advogados Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e Henrique Salinas.

“Reitera-se o respeito incondicional às vítimas reais de violência. Mas é preciso lembrar que nenhuma acusação pode se sobrepor ao direito à verdade, à ampla defesa e à preservação da dignidade pessoal.”

LEIA A ÍNTEGRA DO COMUNICADO ENVIADO PELA DEFESA DE YAMANDU COSTA

“A defesa técnica de Yamandu Costa vem a público, por meio deste comunicado dirigido à Folha de S.Paulo, apresentar elementos documentais que contrariam frontalmente as acusações feitas por sua acusadora. As declarações anexas foram obtidas diretamente de pessoas mencionadas na denúncia ou presentes nos eventos relatados.

1. Carta da proprietária do Tejo Bar

A testemunha esteve com o casal na noite de 1º de maio, no bar de sua propriedade, em Lisboa. Afirma que houve uma discussão acalorada, mas nega qualquer agressão física. Segundo ela, a acusadora deixou o local caminhando normalmente e não mencionou violência.

2. Carta da ex-esposa de Yamandu Costa

Responsável pelo filho menor do músico, a ex-esposa relata que o menino presenciou uma discussão verbal intensa, mas não viu nenhum ato de violência física. O garoto foi retirado da situação por iniciativa do pai. A mãe também repudia o contato direto da acusadora com a criança por WhatsApp, assim como a divulgação dos prints dessa conversa privada.

3. Sobre o exame de saúde apresentado pela acusadora

O exame foi feito na Espanha, dias após o episódio alegado. Aponta a presença de Lorazepam -um ansiolítico de uso controlado, amplamente prescrito. Nas conversas mantidas com Yamandu, a própria acusadora admite fazer uso contínuo de substâncias dessa natureza. O exame não permite aferir autoria, dose ou tempo da ingestão.

4. Sobre as mensagens divulgadas

As mensagens apresentadas pela acusadora foram editadas de forma seletiva. A íntegra da conversa, em posse da defesa, não contém qualquer admissão de culpa ou violência. Revela perplexidade, desentendimentos e tentativas de reconciliação, mas nenhum conteúdo que configure ameaça, coação ou agressão.

5. Sobre a estadia em Portugal

A presença da acusadora em Lisboa ocorreu por decisão própria, após receber carta de Yamandu explicando que não haveria relação formal entre eles. Após o episódio, ela deixou a casa de forma autônoma e buscou refúgio em outro endereço. Não houve restrição de liberdade, como sugerido publicamente.

Reitera-se o respeito incondicional às vítimas reais de violência. Mas é preciso lembrar que nenhuma acusação pode se sobrepor ao direito à verdade, à ampla defesa e à preservação da dignidade pessoal.”