SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Inspirada no livro “Verde Vagomundo”, a 2ª edição da Bienal das Amazônias anunciou nesta quinta-feira (15) os integrantes de seu corpo curatorial e o conceito do evento, que acontecerá entre os próximos dias 29 de agosto e 30 de novembro em Belém, no Pará. Escrita pelo autor paraense Benedicto Monteiro, a obra descreve a Amazônia enquanto experiência sensorial e explora a sua riqueza territorial.
Quem lidera o time de curadoria é a equatoriana Manuela Moscoso, que tem percorrido diferentes regiões pan-amazônicas -caso do Amapá, de Marajó, Rio Branco, Manaus, Peru e Equador- em busca de obras e histórias que possam compor a exposição. Junto dela está a curadora adjunta Sara Garzon, o co-curador do programa público da Bienal Jean da Silva e Priscila Clementti e Bonikta, que ficará responsável pela identidade visual do evento.
“Pude conhecer processos experimentais sobre formas de habitar o mundo, a manutenção da memória e práticas transdisciplinares no cinema, além de investigações que abordam a exploração territorial e as cosmologias indígenas. Mais do que simplesmente ver as obras, o fundamental foi ativar conversas, escutar os artistas e compreender como suas pesquisas dialogam com as urgências do nosso tempo”, diz Moscoso, que coloca a coletividade como elemento artístico fundamental.
Ela diz que estar à frente do evento é um sonho que se torna realidade, e cita práticas de diferentes áreas, como as artes plásticas, o cinema e a música, como elos de conexão entre os grandes centros urbanos e as florestas da Amazônia.
“Estar aqui me ensina um pensamento florestal, sobre os tempos das coisas, sobre como sentir nossos corpos dentro de processos históricos compartilhados. Também me faz pensar sobre solidariedades e diferenças, sobre as formas como habitamos o mundo. Essa experiência está me contaminando de maneiras que vão além do profissional, afetando minha forma de ver, de pensar e de sentir”, afirma a curadora.
No contexto desta edição da Bienal das Amazônias, a expressão “verde-distância”, extraída do livro de Monteiro, delimita o encontro entre o ser humano e o ambiente natural. A ideia do evento é refletir a sensibilidade deste legado territorial do Brasil e ressaltar a pluralidade ali presente em termos de vozes e perspectivas artísticas.
O evento foi criado para deslocar os debates voltados ao mundo das artes de eixos dominantes como a região do Sudeste brasileiro e a segunda edição acontece, neste ano, próxima à 30ª edição da Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas, a COP 30, prevista para novembro também na capital paraense.