RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) registrou lucro líquido total de R$ 5,6 bilhões no primeiro trimestre de 2025, alta de 7,3% ante igual período de 2024, segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (15).

Considerando somente o lucro líquido recorrente, que exclui fatores extraordinários, o montante foi de R$ 2,7 bilhões. Nesse caso, houve uma variação positiva menor, de 0,9%.

O BNDES disse que os eventos não recorrentes, que influenciaram o resultado total, incluem dividendos da Petrobras e recuperações de crédito.

No primeiro trimestre de 2025, os desembolsos cresceram 8%. O valor repassado foi de R$ 25,2 bilhões. O montante abrange os recursos que saíram do BNDES para o financiamento de diferentes setores da economia.

A maior parcela foi destinada para o segmento de infraestrutura (R$ 8,7 bilhões). Agropecuária (R$ 6,5 bilhões), comércio e serviços (R$ 5,2 bilhões) e indústria (R$ 4,8 bilhões) vieram na sequência.

De acordo com o banco, no acumulado de 12 meses, os desembolsos alcançaram o equivalente a 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto).

A instituição prevê elevar esse patamar para 1,5% em 2026 e 2% perto de 2028, segundo Nelson Barbosa, diretor de planejamento e relações institucionais do BNDES.

“Agora, tem que combinar com os russos. Somos muito intensivos em investimento. Quando o investimento se recupera, o BNDES também se recupera mais rápido”, afirmou.

Já as consultas ao banco alcançaram R$ 53,1 bilhões no primeiro trimestre. Houve redução de 13% em relação a um ano antes.

As consultas são os pedidos de apoio ao banco, a primeira fase do processo de financiamento, antes das aprovações e dos desembolsos.

Barbosa associou a baixa no primeiro trimestre a fatores como o aperto da taxa básica de juros (Selic).

“Como todo banco, a gente depende da demanda. Em termos de consultas, houve uma desaceleração até porque no primeiro trimestre do ano passado as consultas foram bem elevadas. São efeitos defasados da política monetária, e a gente se adequa sem perder a diretriz de longo prazo”, afirmou o diretor.

As aprovações de crédito (após as consultas e antes dos desembolsos) somaram R$ 33,3 bilhões no primeiro trimestre. O aumento foi de 35% em relação ao primeiro trimestre de 2024.

Barbosa afirmou que o banco tem diversificado suas fontes de captação de recursos, incluindo operações junto a organismos internacionais. “O mundo quer financiar o BNDES. É uma instituição sólida com risco baixo”, disse.

De acordo com a instituição, a taxa de inadimplência foi de 0,001%, permanecendo abaixo das verificadas no Sistema Financeiro Nacional (3,22% no geral e 0,33% para grandes empresas em março de 2025).

Durante a apresentação do balanço, a diretoria do BNDES foi questionada sobre uma eventual venda de ações da empresa JBS que pertencem à instituição de fomento.

Alexandre Abreu, diretor financeiro e de mercado de capitais do banco, disse que a eventual negociação envolvendo “empresas maduras”, como é o caso da JBS, será decidida de acordo com a perspectiva dos preços.

Por outro lado, há ações que o BNDES não tem interesse em negociar devido a posições consideradas “estratégicas”, disse Abreu. As participações na Petrobras e na Eletrobras fazem parte dessa lista, de acordo com o diretor.

O governo Lula (PT) defende uma atuação fortalecida do banco na concessão de crédito. A posição, contudo, é vista com ressalvas por uma ala de economistas que teme um inchaço da instituição e uma eventual reciclagem de ideias de outros mandatos do PT.

A direção do BNDES já rebateu as críticas em diferentes ocasiões, dizendo que aposta em áreas estratégicas, incluindo inovação e transição energética.

O presidente do banco, Aloizio Mercadante, não participou da divulgação do balanço nesta quinta-feira. Ele é um dos integrantes do governo federal que viajaram para o Uruguai, onde ocorre o funeral do ex-presidente Pepe Mujica.