SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A peregrinação de usuários de drogas pelo centro de São Paulo após a dispersão da rua dos Protestantes, na Santa Ifigênia, parou por algumas horas entre a noite de quarta (14) e a madrugada desta quinta (15) na esquina da rua Helvétia com a avenida São João.
Cerca de 50 dependentes químicos da cracolândia ficaram no local para consumir drogas nesse período. Outros passaram pelo área, sem permanecer por muito tempo.
Por volta das 22h, homens e mulheres estavam aglomerados no local, que não tinha presença de policiais militares ou de guardas-civis metropolitanos.
Os usuários consumiam crack na rua atrás do 77° DP (Santa Cecília), no mesmo local onde, em alguns períodos de 2022, o fluxo (como é chamada a concentração de dependentes) se fixou.
Pessoas que moram na região disseram ter sido acordados nesta quinta com gritos e música alta, algo que já tinha acontecido em 2022.
Uma mulher afirmou que às 3h30 parecia que uma festa estava acontecendo na rua. Além do barulho, os vizinhos do local relataram o uso de drogas.
O grupo se dispersou pela manhã, com a chegada da polícia.
Alguns passos dali fica a praça Marechal Deodoro, onde um outro grupo de tamanho semelhante fica. Eles também tomaram o canteiro central de frente para a área, onde existe uma ciclovia, embaixo do Minhocão.
Diferentemente da Helvétia, por volta das 22h, duas viaturas da Polícia Militar estavam estacionadas em pontos diferentes da praça.
Pouco antes das 23h, usuários em duplas ou trios consumiam drogas em cruzamentos da região da cracolândia. Outros vagavam com cobertores sobre os ombros. .
Locais onde os usuários já se fixaram, como a rua dos Gusmões, as avenida Rio Branco, Duque de Caxias e a praça Princesa Isabel receberam reforço policial, com viaturas estacionadas nas esquinas ou em patrulha.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que segue monitorando os espaços públicos para identificar a presença de usuários de drogas e de traficantes.
“O governo de São Paulo tem atuado de forma multisecretarial, em conjunto com a prefeitura, para combater o tráfico e oferecer apoio e uma saída viável aos dependentes químicos. O conjunto de ações integradas permitiu a diminuição crescente do número de dependentes químicos na região e a requalificação de vias que antes eram tomadas pelo fluxo”, diz o texto
Em agenda nesta quinta, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), afirmou que não houve espalhamento da cracolândia. O prefeito disse que há um trabalho de combate ao tráfico, de atendimento social e de saúde.
“Quando você tira a droga, a gente tem um ganho com o convencimento das pessoas aceitarem o tratamento”, afirmou.
Ele atribuiu o sumiço da cracolândia às operações na favela do Moinho.
“Eu associo a isso à questão da operação da favela do Moinho, nós temos que acabar com aquele bunker do tráfico lá de dentro, com aquele QG do tráfico. Nós temos pessoas que ficam monitorando a favela do Moinho há algum tempo. Por dia, entram 500 pessoas que não moram lá para fazer aquisição de drogas”, disse Nunes.
Segundo o prefeito, a prisão do Léo do Moinho foi importante para desmobilizar o tráfico de drogas.
“Agora a gente tem uma informação que uma parte está transferindo para a favela do Gato. Já estamos lá em cima, agora, de ações para poder não permitir que cresça e que a gente possa abafar o tráfico. Mas a receita é muito simples. Não tem drogas, a gente tem uma competição muito menor, porque a gente tem a facilidade de convencer as pessoas ao tratamento. Tem droga, a droga é o nosso concorrente”, disse.