SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar rondava a estabilidade nas primeiras negociações desta quinta-feira (15), passou a cair e depois apresentou alta à medida que os investidores repercutiam os comentários do presidente do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), Jerome Powell, e uma série de dados econômicos mais fracos dos Estados Unidos, com as recentes incertezas comerciais ainda em foco.

Às 13h10, o dólar subia 0,08%, a R$ 5,637. No mesmo horário, a Bolsa avançava 0,52%, a 139.149 pontos, com Gol e Azul entre os destaques positivos. As ações da Eletrobras pesavam negativamente após balanço, assim como as da Petrobras, na esteira da desvalorização do petróleo no exterior diante de um acordo entre os EUA e o Irã.

Os ganhos do real nesta sessão eram influenciados pelas fortes baixas dos preços do petróleo, importante produto da pauta exportadora brasileira, uma vez que a possibilidade de um acordo nuclear entre EUA e Irã eleva a expectativa de aumento da oferta do combustível no mercado internacional.

Trump disse mais cedo que os EUA estão muito perto de garantir um acordo nuclear com o Irã, acrescentando que Teerã “meio que” concordou com os termos.

“No Brasil, o efeito disso é um pouco misto, porque o petróleo mais baixo está muito correlacionado com as receitas e lucratividade da Petrobras, que é uma ação bastante buscada por estrangeiros quando investem aqui no país, então isso pode ser uma pressão altista para o câmbio”, afirmou Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

Por volta das 11h40, a PETR3, ações ordinárias, com direito a voto em assembleias, recuavam 0,17%, a R$ 34,02, enquanto a PETR4, ações preferenciais, com preferência por dividendos, perdiam 0,28%, a R$ 31,82.

No exterior, o sinal negativo prevalecia nos pregões em Wall Street, onde o S&P 500 recuava 0,21%, em meio a uma diminuição da euforia pela trégua tarifária entre Estados Unidos e China, com agentes financeiros também repercutindo dados fracos sobre a economia norte-americana.

No mercado doméstico, investidores também seguem à espera de novidades sobre as negociações comerciais do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, com parceiros comerciais, ainda demonstrando otimismo depois que os americanos fecharam um acordo tarifário com o Reino Unido e alcançaram uma trégua com a China.

Na frente de dados, o governo norte-americano informou que as vendas no varejo tiveram alta de 0,1% em abril, em dado acima do esperado, mas desacelerando em relação ao ganho de 1,7% em março.

As estimativas de economistas consultados pela Reuters variavam de um declínio de 0,6% a um ganho de 0,4%. As vendas no varejo têm oscilado neste ano em meio à política tarifária de Trump.

Também foi divulgado nesta quinta o índice de preços ao produtor nos Estados Unidos (PPI, na sigla em inglês), que teve queda inesperada em abril, uma vez que o custo dos serviços teve o maior recuo desde 2009, pressionado pela demanda fraca por viagens aéreas e acomodações em hotéis.

O índice caiu 0,5% no mês passado, depois de estabilidade em março, segundo o Departamento do Trabalho americano. Economistas consultados pela Reuters previram alta de 0,2% do índice.

A política comercial protecionista de Trump, a repressão à imigração, bem como as afirmações de que o Canadá é um “estado americano” e o desejo de adquirir a Groenlândia contribuíram para uma queda acentuada nas viagens turísticas, prejudicando as vendas de passagens aéreas e as reservas de hotéis.

Já no mercado de trabalho, o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego permaneceu inalterado em 229 mil na semana passada, informou o governo, mas as oportunidades de emprego estão se tornando mais escassas para aqueles que estão desempregados.

Os pedidos têm ficado em uma faixa de 205 mil a 243 mil neste ano, o que é consistente com um nível historicamente baixo de demissões.

Também estavam no radar comentários do presidente do Fed, Jerome Powell, que afirmou nesta quinta que as autoridades acreditam que precisam reconsiderar os principais elementos relacionados a empregos e inflação em sua atual abordagem de política monetária.

“Podemos estar entrando em um período de choques de oferta mais frequentes e potencialmente mais persistentes, um desafio difícil para a economia e para os bancos centrais”, disse Powell.

“O ambiente econômico mudou significativamente desde 2020, e nossa revisão refletirá nossa avaliação dessas mudanças.”