SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Brasil teve uma redução de 32,4% no desmatamento no ano passado, em relação a 2023. Na soma de todos os estados, mais o Distrito Federal, o país perdeu 1.242.079,1 hectares em 2024 o equivalente a cerca de 1,5 milhão de campos de futebol. No ano anterior, a área desmatada foi de 1.836.749,3 hectares. Os dados são do RAD (Relatório Anual do Desmatamento), divulgado nesta quinta-feira (15) pela rede MapBiomas.
Pela primeira vez nos últimos seis anos, todos os biomas tiveram queda no desmatamento ou estabilidade caso da mata atlântica.
O cerrado é o bioma com a maior área desmatada pelo segundo ano consecutivo, conforme o estudo. Em 2024, foram 652.197 hectares de vegetação suprimidos mais da metade (52,5%) do total de perda florestal no país, com cerca de 1.786 hectares a menos por dia. Apesar da vasta área perdida, o cerrado teve uma diminuição de 41,2% na comparação com 2023, quando teve 1.109.850 hectares desmatados.
“É importante ressaltar essa queda de 41,2%, apesar de o cerrado continuar sendo o mais desmatado do país. Todos os estados do bioma tiveram redução em 2024, com exceção de São Paulo. O destaque é Goiás, que reduziu cerca de 72%, e Bahia com uma queda de 65%”, disse Roberta Rocha, analista de pesquisa do MapBiomas.
A amazônia teve uma perda de 377.708 hectares e ocupa a segunda colocação no ranking crítico. O bioma teve redução de 16,8% em 2023, perdeu 454.230 hectares.
A caatinga ocupa a terceira posição, com a supressão de 174.511 hectares de floresta. Em 2023, a perda foi de 201.607 hectares. Uma diminuição de 13,4%.
Na sequência, o pantanal desmatou 23.295 hectares em 2024 contra 56.304 no ano anterior, uma redução de 58,6%.
A mata atlântica é o único bioma que apresentou um pequeno aumento (cerca de 2%) no desmatamento, o que é considerado uma estabilidade. Foram 13.472 hectares a menos no ano passado, contra 13.212 em 2023.
Natália Crusco, analista de pesquisa do MapBiomas, explica que os eventos extremos representaram 22% de todo o desmatamento na mata atlântica do ano passado. A perda de cerca de 150 hectares em 2023 foi associada aos desastres naturais, impulsionados pelas mudanças climáticas, enquanto em 2024 a supressão pelo mesmo motivo foi de 3.022 hectares.
“O Rio Grande do Sul passou a ser o terceiro estado da mata atlântica que mais desmatou em 2024. Isso deve-se aos eventos climáticos extremos que aconteceram por lá, com os registros de alta precipitação de chuva, enchentes, deslizamentos e ventos fortes, que resultaram na perda de vegetação nativa”, disse Crusco.
Já o pampa desmatou 896 hectares em 2024, e 1.547 em 2023, uma diminuição de 42,1%.
A região de Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) concentrou 75% do desmatamento do cerrado e cerca de 42% de toda a perda de vegetação nativa no país. Os quatro estados que formam o grupo estão entre os cinco líderes do ranking crítico.
Mesmo com a redução de 34,3% em 2024 comparado ao ano anterior, o Maranhão é o que mais desmatou área de vegetação nativa no país, com a perda florestal de 218.298,4 hectares. Este é o segundo ano consecutivo, no topo do ranking, do estado que possui áreas da amazônia e do cerrado.
O Pará é segundo que mais teve perda, com 156.990 hectares, seguido pelos estados de Tocantins (153.310,5 hectares), Piauí (142.871,2 hectares) e Bahia (133.334,9 hectares).
Em relação às terras indígenas, a perda de vegetação foi de 15.938 hectares no ano passado, área que equivale a 1,3% do total desmatado no Brasil, mas que representa uma redução de 24% em relação a 2023.
As unidades de conservação suprimiram 57.930 hectares de vegetação nativa, uma redução de 42,5% na comparação com o ano de 2023. Em unidades de proteção integral a redução foi maior: 57,9%, com 4.577 hectares em 2024.
Na série histórica de registros do MapBiomas, iniciada em 2019, o Brasil teve mais de 97% de toda a perda de vegetação nativa por pressão da agropecuária. Outros vetores têm peso distinto de acordo com o bioma. No caso do garimpo, por exemplo, 99% de toda área desmatada por essa atividade está localizada na amazônia.
Já no caso de desmatamento associado aos empreendimentos de energia renovável, 93% deles estão concentrados na caatinga. O cerrado, por sua vez, concentra 45% da área desmatada relacionada à expansão urbana em 2024.
Na soma entre os anos de 2019 e 2024, o país perdeu uma área vegetal equivalente ao tamanho da Coreia do Sul, aponta o estudo. Foram 9.880.551 hectares no total dois terços dos quais (67%, ou 6.647.146 hectares) ficam na Amazônia Legal.