SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não irá à negociação de paz entre Moscou e Kiev na Turquia, nesta quinta-feira (15), de acordo com informações de uma autoridade americana à agência de notícias Reuters. Seu homólogo russo, Vladimir Putin, ainda têm presença incerta: o Kremlin divulgou uma lista de quem representará a Rússia que não inclui o presidente.
Putin propôs, no último domingo, negociações diretas com a Ucrânia em Istambul, nesta quinta (15), “sem quaisquer condições prévias”. Nesta quarta, o governo russo publicou que sua delegação incluirá um assessor do presidente, um alto diplomata e altos funcionários militares e de inteligência.
Uma ordem emitida pelo presidente e publicada no site do Kremlin nomeia o conselheiro Vladimir Medinski e Alexander Fomin, vice-ministro da Defesa, que participaram das últimas negociações realizadas entre os dois lados em 2022. Também cita como parte da delegação Igor Kostiukov, diretor da Diretoria Principal de Inteligência do GRU, a Agência de Inteligência Militar Estrangeira da Rússia.
No início da semana, Trump pediu que a Ucrânia participasse das negociações e o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse rapidamente que estaria presente, mas somente se Putin aparecesse, criando um impasse diplomático como parte de uma aparente disputa para mostrar a Trump quem está mais interessado na paz.
Ainda nesta quarta, no entanto, após a divulgação dos nomes russos, uma autoridade ucraniana afirmou que Zelenski irá à Turquia. “Estamos a caminho”, disse à Reuters o ucraniano que pediu para não ser identificada devido à sensibilidade da situação.
Após a divulgação dos nomes que compõem a delegação russa, uma autoridade dos EUA afirmou que Trump não irá à Turquia para se juntar às negociações. Trump havia dito, ainda nesta quarta, que ele mesmo ainda estava considerando se participaria das negociações na Turquia, mas não sabia se Putin iria, algo que Zelenski desafiou o líder do Kremlin a fazer “se ele não tiver medo”.
“[Putin] gostaria que eu estivesse lá, e essa é uma possibilidade… Não sei se ele estaria lá se eu não estivesse. Vamos descobrir”, disse Trump aos repórteres a bordo do Air Force One, a caminho do Qatar.
Trump quer que os dois lados assinem um cessar-fogo de 30 dias naquela que é a maior guerra terrestre da Europa desde a Segunda Guerra Mundial, e um legislador russo disse nesta quarta que também poderia haver discussões sobre uma grande troca de prisioneiros de guerra.
Zelenski apoia um cessar-fogo imediato de 30 dias, mas Putin disse que primeiro quer iniciar conversações nas quais os detalhes desse cessar-fogo possam ser discutidos. O ucraniano reiterou, também nesta quarta, sua disposição para “qualquer forma de negociação” para encerrar a guerra e disse, antes da divulgação da delegação russa, que decidiria quais medidas tomar quando soubesse quem representaria Moscou nas negociações de quinta-feira.
“Estou esperando para ver quem chegará da Rússia. Depois decidirei quais medidas tomar”, disse Zelenski durante seu discurso diário. “A Ucrânia está disposta a qualquer forma de negociação e não temos medo das reuniões”, acrescentou.
Trump, que está cada vez mais frustrado tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia ao tentar pressioná-los a chegar a um acordo de paz, disse que estava “sempre considerando” sanções secundárias contra Moscou se achasse que o país estava bloqueando o processo.
As autoridades dos EUA falaram sobre possíveis sanções financeiras, bem como possíveis sanções secundárias aos compradores de petróleo russo.
Se, contra as expectativas, Putin ainda participar, será a primeira reunião entre os líderes dos dois países hoje em guerra desde dezembro de 2019. As conversas diretas entre negociadores da Ucrânia e da Rússia ocorreram pela última vez também em Istambul em março de 2022, um mês depois que Putin enviou dezenas de milhares de tropas para a Ucrânia.
Alguns relatos não confirmados da mídia russa e americana disseram que o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e Iuri Ushakov, assessor de política externa de Putin, estariam em Istambul e prontos para se encontrar com seus colegas ucranianos.
Mas o jornal russo Kommersant, que é considerado como tendo boas fontes no Ministério das Relações Exteriores da Rússia e no Kremlin, disse na noite de quarta que Lavrov não compareceria.
Questioando anteriormente pelos repórteres durante uma reunião diária se o Kremlin poderia revelar a composição da delegação russa, o porta-voz Dmitri Peskov disse: “Faremos isso quando recebermos uma instrução do presidente”. “A delegação russa estará aguardando a delegação ucraniana em Istambul no dia 15 de maio”, acrescentou.
Trump disse que os EUA serão representados pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e os enviados sênior Steve Witkoff e Keith Kellogg à Turquia.