RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Quatro adolescentes foram apreendidos nesta quarta-feira (14) numa operação coordenada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro contra uma organização criminosa voltadas à prática de crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes no país.

Os mandados de internação provisória foram cumpridos em cinco estados: Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Segundo as investigações, os jovens apreendidos são suspeitos de integrar uma rede de crimes de ódio na internet.

A ação faz parte da segunda fase da Operação Adolescência Segura, que mira um grupo que, segundo os investigadores, se organiza virtualmente em plataformas como o Discord para promover desafios e competições envolvendo crimes graves, como tentativa de homicídio, incitação ao suicídio, apologia ao nazismo e divulgação de pornografia infantil.

O Discord informou que “violência e atividades ilegais não têm espaço na plataforma ou na sociedade”. A empresa disse que compartilhou proativamente informações com as autoridades, baniu as contas envolvidas e derrubou o servidor. “Estamos totalmente comprometidos em colaborar com as autoridades locais para garantir um espaço seguro e positivo para todos os nossos usuários no Brasil”, afirmou, em nota.

As investigações começaram em fevereiro, após um ataque com coquetéis molotov contra um morador de rua na zona oeste do Rio, transmitido ao vivo pela internet. A vítima teve 70% do corpo queimado por um adolescente, enquanto outro jovem filmava o ataque para cerca de 220 pessoas online em um servidor do Discord.

A partir dali, a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima chegou a adolescentes de diferentes estados que participavam ativamente da rede.

Além da violência explícita, os integrantes também são suspeitos de manipular psicologicamente e aliciar crianças e adolescentes em idade escolar, induzindo práticas de automutilação e atos violentos.

Em alguns casos, há relatos de roubo de dados e imagens das vítimas, usados para ameaças e chantagens.

Segundo os agentes, os integrantes do grupo, mesmo usando plataformas criptografadas, encerraram e abriram servidores para tentar despistar a Polícia Civil. A partir da perícia realizada em materiais apreendidos na primeira fase, do monitoramento e do cruzamento de dados, foi possível deflagrar a ação desta quarta.

Na primeira fase da operação realizada em abril, dois homens foram presos e 7 adolescentes apreendidos.

De acordo com a Polícia Civil, a corporação dará continuidade aos trabalhos de inteligência para identificar outros integrantes da organização criminosa.

A operação desta quarta-feira, que mobiliza cerca de 60 policiais civis, teve apoio das policiais civis desses estados e do Ciberlab (Laboratório de Operações Cibernéticas) do Ministério da Justiça.