SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) do Estado de São Paulo retomou nesta quarta-feira (14) o desmonte das moradias na favela do Moinho, região central de São Paulo, com apoio do Batalhão de Choque da Polícia Militar.
O reforço no policiamento acontece após dois dias seguidos de protesto de moradores contra a demolição das residências. Os manifestantes fizeram barricadas nas linhas de trem que margeiam a favela e atearam fogo em restos de madeira, interrompendo a circulação das linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) na segunda-feira (12) e na terça (13).
Na manhã desta quarta, diversas equipes do Choque chegaram à favela e bloquearam ruas para que os funcionários da CDHU pudessem começar a trabalhar. Moradores acompanham a ação, mas n ão há novos protestos.
A demolição manual das residências que já foram desocupadas por famílias realocadas em outras regiões é feita pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), com a justificativa de evitar reocupações ilegais. Porém, tal medida tem causado atrito com o governo federal, detentor da área.
O governo Lula (PT) publicou na tarde desta terça-feira (13) nota em que afirma que irá paralisar a doação da área para o governo do estado, em razão das críticas ao apoio da PM na ação de desocupação e demolição das casas.
Localizada em uma área da União entre duas linhas de trens metropolitanos, na região central da cidade, a comunidade onde vivem cerca de 800 famílias passa atualmente por um processo de reassentamento comandado pelo governo estadual.
Desde o início da operação, em meados de abril, há confrontos entre moradores e policiais.
A gestão Tarcísio alega que está realizando uma descaracterização cuidadosa e manual das habitações já desocupadas e que tem atuado para garantir a segurança. A medida, segundo o governo estadual, é necessária para evitar a reocupação dos imóveis.
Ainda segundo o governo de São Paulo, a discussão sobre a destinação da área não irá interromper a desocupação em curso.
Aproximadamente 180 famílias que aderiram ao plano, ao aceitarem cartas de crédito de até R$ 250 mil reais para comprarem apartamentos subsidiados pela CDHU, já teriam deixado a comunidade, segundo o governo.
No projeto apresentado pelo estado ao governo federal, após a remoção, o terreno receberá um parque e ainda poderá contar com outras intervenções, como uma futura estação de trens. Para tanto, a área precisaria ser cedida ao estado.