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LUCIANO TRINDADE

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em qual clube Neymar vai jogar na próxima temporada?

A dúvida tem movimentado grandes casas de apostas. No momento, tendo as cotações como parâmetro, muitos acreditam que ele permanecerá no PSG, com uma odd de 1.80, ou seja, uma aposta de R$ 100, por exemplo, daria um retorno de R$ 180 caso fosse vencedora.

Times ingleses, como Chelsea e Manchester United, também aparecem como destinos prováveis para ele. Retornar ao futebol espanhol é visto como difícil. E acreditar que o craque vai vestir novamente a camisa do Santos seria daquelas apostas arriscadas, mas com alto retorno, como de 51.0 –aqui, os mesmos R$ 100 dariam um retorno de R$ 5.100.

A verdade é que, após dez anos no futebol europeu, a incerteza sobre seu futuro coloca o craque brasileiro numa situação bem diferente de quando ele deixou a Vila Belmiro rumo ao Barcelona, com o qual assinou contrato no dia 27 de maio de 2013.

Dois dias antes, pela internet, ele anunciava o fim da novela que se transformou o leilão entre Barcelona e Real Madrid por sua contratação. Curiosamente, ele fazia uma ponta no folhetim “Amor à Vida”, no horário nobre da TV Globo, quando revelou o desfecho de sua trama particular no Instagram.

Ao divulgar sua nova estrela, o time catalão o definia como “o rei do século 21” e citava que ele recebeu o “reconhecimento do lendário Pelé, de quem muitos acreditam que Neymar seja o sucessor moderno.”

Na época, parecia uma questão de tempo até ele herdar o trono de Lionel Messi no time catalão, assumir o protagonismo em grandes conquistas, ser eleito melhor jogador do mundo e, sobretudo, alcançar o olimpo do futebol com um título da Copa do Mundo.

Uma boa parte disso tudo ficou pelo caminho e, aos 31 anos, recuperando-se de mais uma lesão, ele não sabe qual rumo dará a sua carreira.

Não tem sido fácil para seu staff encontrar um time disposto a investir alto em sua contratação, como fez o PSG em 2017, quando o clube francês o transformou na contratação mais cara do futebol até então, ao pagar sua multa rescisória de 222 milhões de euros (R$ 824 milhões à época).

Quando abriu o cofre, o bilionário catari Nasser Al-Khelaifi acreditava que Neymar mudaria o patamar do clube, principalmente, com a inédita conquista da Champions League, o que até hoje não aconteceu.

Embora tenha empilhado títulos no cenário nacional, com 12 conquistas, esse não era o objetivo principal de sua contratação. Por isso os fracassos em série na Champions deixam a impressão de que a ida para o PSG não rendeu o esperado nem para ele nem para o clube.

Ao deixar o Barcelona, Neymar buscava ser novamente o protagonista de um elenco, como era no Santos. No time catalão, mesmo em sua melhor temporada, em 2014/15, ele sempre dividiu holofotes com Messi, Xavi, Iniesta e, por vezes, até com Luiz Suárez.

Foi ao lado deles, porém, que o brasileiro ganhou a única Champions que tem no currículo, justamente em 2014/15. Naquela edição, ele foi o artilheiro do torneio, com dez gols, ao lado de Messi e do português Cristiano Ronaldo, à época no Real Madrid, em um feito emblemático pois o igualava naquele momento aos dois craques que monopolizavam os prêmios de melhor do mundo.

Mas Neymar nunca conseguiu desbancá-los. Até hoje, a melhor colocação que o brasileiro obteve foram dois terceiros lugares, em 2015, quando o argentino ganhou o prêmio, e 2017, ano vencido pelo português.

Na última edição do prêmio The Best, entregue pela Fifa em fevereiro deste ano, o brasileiro ficou apenas na nona colocação. Ele também não deu motivos para conseguir algo melhor do que isso no ciclo avaliado pela premiação.

Com o PSG, foi novamente eliminado nas oitavas de final da Champions League –um desempenho que se repetiu na atual edição. Pela seleção brasileira, em sua terceira Copa do Mundo, não passou das quartas de final, fase em que o Brasil foi eliminado pela Croácia.

A frustração dele foi tão grande que ele deixou o Qatar sem saber se um dia voltaria a defender a seleção. Desde a queda, ele não vestiu a amarelinha novamente. Ele ficou fora do primeiro amistoso pós Mundial, contra o Marrocos, no dia 25 de março, pois havia sofrido início do mês uma lesão no tornozelo direito que o tirou do restante da temporada que está perto do fim.

Ele teve problema parecido na Copa do Mundo e não atuou diante da Suíça e Camarões, ainda na fase de grupos. Mesmo quando retornou, nas oitavas contra a Coreia do Sul, não estava em condições ideais.

Desde que se mudou para a Europa, o brasileiro convive com lesões. Foram pelo menos 16 problemas que o impediram de ter longas sequências de jogos, sobretudo no futebol francês.

Isso explica em parte a dificuldade de seu staff de encontrar um novo clube apesar da vontade do jogador de deixar a equipe de Paris, conforme tem noticiado a imprensa europeia.

Por enquanto, aqueles optarem por uma aposta mais conservadora, têm mais chances de lucrar com a permanência dele no PSG, clube com o qual Neymar tem contrato até a metade de 2027.