SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Carlo Ancelotti, 65, terá como a sua principal meta na seleção brasileira a conquista da Copa do Mundo de 2026, sediada em conjunto por Estados Unidos, Canadá e México.

Seu contrato com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) prevê, inclusive, um bônus de 5 milhões de euros (R$ 31,51 milhões) caso ele consiga levar a equipe verde e amarela ao seu sexto título mundial.

Além da bonificação financeira, a conquista daria ao italiano uma marca inédita na história do futebol. Até hoje, nenhum estrangeiro conseguiu levar uma seleção nacional ao título de uma Copa.

São raros até aqueles que conseguiram chegar à decisão no maior palco do futebol. Apenas dois nomes registraram esse feito, o austríaco Ernst Happel, vice-campeão do mundo com a Holanda, em 1978, e o inglês George Raynor, derrotado com a Suécia na decisão do Mundial de 1958 pela seleção brasileira.

Por outro lado, apesar dos raros resultados expressivos, ter um estrangeiro à frente de seleções nacionais é bem comum em Mundiais. Na última edição, em 2022, no Qatar, eles estavam em 34,7% das 32 equipes, com 11 nomes, incluindo o espanhol Julen Lopetegui, à frente dos anfitriões.

Desses, apenas dois nomes chegaram às quartas de final: o alemão Thomas Tuchel, com a Inglaterra, e o espanhol Roberto Martínez, com a equipe portuguesa, dois exemplos de que esse tipo de opção é bem aceita na Europa.

No Brasil, por muito tempo, isso foi tratado como um tabu. Ancelotti será apenas o quarto estrangeiro a comandar a seleção brasileira e seus antecessores estiveram longe de construir um grande histórico.

Todos tiveram passagens bem breves. Compõe a lista o uruguaio Ramón Platero, o português Joreca e o argentino Filpo Nuñez. O trio totaliza em conjunto apenas sete partidas no comando do Brasil, com cinco vitórias, um empate e uma derrota.

Em Copas, a possibilidade sempre foi rechaçada. Nos últimos anos, porém, após os sucessivos fracassos nos Mundiais, a rejeição dos torcedores diminuiu.

Ao fim da última edição da Copa, em dezembro de 2022, pesquisa Datafolha mostrou que 41% dos brasileiros era a favor da contratação de um técnico estrangeiro. O número ainda era inferior aos 48% que se mostravam contrários, porém o levantamento apontava uma queda na rejeição.

Antes do Mundial no Qatar, havia 30% a favor e 54% contra. O fracasso da seleção sob comando do gaúcho Tite, com derrota para a Croácia nas quartas de final, mudou o humor e abriu um pouco mais a porta para, após longa negociação, chegar um italiano.

Além de negociar com o técnico do Real Madrid, a CBF tinha outros dois estrangeiros como favoritos para assumir o cargo, ambos portugueses, Jorge Jesus, atualmente sem clube após deixar o Al-Hilal, e Abel Ferreira, do Palmeiras.

Curiosamente, nenhum treinador português jamais conquistou uma Copa do Mundo. O Brasil, por sua vez, tem cinco campeões mundiais: Vicente Feola (1958), Aymoré Moreira (1962), Zagallo (1970), Carlos Alberto Parreira (1994) e Luiz Felipe Scolari (2002).

Escola da qual pertence o novo técnico do Brasil, a Itália tem três técnicos com títulos de Copa. O mais recente foi Marcello Lippi, vencedor da edição de 2006. Antes dele, Enzo Bearzot levou o país à conquista de 1982. Vittorino Pozzo, campeão em 1934 e 1938, é até hoje o único comandante bicampeão da história.