ROMA, ITÁLIA (FOLHAPRESS) – “No photo!” De poucos em poucos minutos, esse grito ecoa em meio ao murmúrio na Capela Sistina, reaberta à visitação pública na segunda-feira (12), quatro dias após o conclave que elegeu o cardeal americano Robert Prevost como novo papa.
A advertência constante dos funcionários se dirige a turistas recalcitrantes, que burlam a proibição absoluta de registros em foto ou em vídeo no interior da capela. Eles levantam rapidamente o celular para fazer uma enésima reprodução de uma das imagens mais reproduzidas do mundo, o afresco A Criação de Adão, realizado no teto por Michelangelo por volta de 1511. Os rebeldes às vezes também são repreendidos por outros visitantes.
A Capela Sistina tinha sido fechada no último dia 28, pouco mais de uma semana antes do início do conclave, para ser preparada. O fechamento frustrou quem havia reservado ingresso: não há reembolso, já que a entrada também dá direito a visitar o conjunto de museus do Vaticano.
O ingresso padrão para a Capela Sistina e os museus custa 20 (cerca de R$ 125), mas existem outros pacotes, mais caros, que permitem “furar a fila”. Na tarde desta terça-feira (13), era possível entrar em apenas dez minutos pagando 36 (cerca de R$ 225).
Para chegar à capela, é preciso atravessar os labirínticos corredores dos museus do Vaticano, cuja riquíssima coleção, que vai da Antiguidade à arte contemporânea, exige horas de visita para ser devidamente apreciada.
Ao adentrar finalmente a Sistina, é impossível não pensar no recente conclave ali ocorrido por mais que o burburinho de centenas de turistas dificulte a visualização de um momento tão diferente.
“É um misto de emoções”, contou à reportagem o analista de sistemas brasileiro Thiago Nascimento, 40, morador do Porto, em Portugal, visitando pela primeira vez a capela. “Saber que é um ambiente onde eles [os cardeais] estiveram há pouco tempo faz com que a gente renove as nossas expectativas positivas em relação à Igreja.”
Julie Buerkle, de Rochester, no estado de Nova York, disse ter ficado “arrebatada pela visita”. Na saída da capela, um padre oferece assistência espiritual a quem pede, e, emocionada, Julie aproveitou para fazer abençoar o terço que carregava com ela. A americana disse planejar ir à praça São Pedro nesta quarta (14) para tentar ver o papa compatriota.
Nem todos, porém, deixaram-se impressionar com a imponência e a história do local. “Faz pensar em como as riquezas são mal divididas na Terra”, disse o francês Christian, da cidade de Nantes, ao lado da mulher, Monique. Os dois ressalvaram que a visita inspirou um sentimento que os fez pensar no nome da filha, uma menina adotada no Brasil 38 anos atrás: Alegria.