SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi fotografado ao lado de líderes autoritários durante a parada militar na qual compareceu em Moscou, na última sexta-feira (9). Em tese uma celebração dos 80 anos da vitória da Rússia na Segunda Guerra Mundial, o evento foi, na prática, uma demonstração de força no momento em que Vladimir Putin tenta anexar parte da Ucrânia.
Um registro do tipo era previsível, dada a lista de 29 chefes de Estado presentes -a maioria foi descrita pela imprensa europeia como ditadores e autocratas. O petista, que costuma dar declarações ambíguas em relação à Guerra da Ucrânia, considerou as críticas da comunidade internacional uma demonstração de pequenez.
Todos os presentes na foto lideram países classificados como autocracias no relatório divulgado este ano pelo instituto V-Dem, uma das referências globais em análise de regimes políticos.
Burkina Fasso é considerado uma ditadura pela entidade, enquanto Guiné-Bissau, Egito, Zimbábue e Congo são classificados de autocracias eleitorais -ou seja, embora tenham eleições multipartidárias, estão aquém em relação a outros pilares democráticos.
Diversos deles chegaram ao poder por meio de eleições acusadas de fraude pela oposição, como Umaro Sissoco Embaló, de Guiné-Bissau, e Emmerson Mnangagwa, do Zimbábue. Já o ditador de Burkina Fasso, Ibrahim Traoré, deu um golpe de Estado em seu antecessor antes de assumir a Presidência, em 2022. Em comum, todos os países são acusados por órgãos de direitos humanos de reprimir a oposição e perseguir críticos.