SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Presidente do Uruguai de 2010 a 2015, José “Pepe” Mujica, que morreu aos 89 anos nesta terça-feira (13), se revelou um grande frasista ao longo de sua vida política. Sem meias palavras, defendeu o direito ao aborto e a descriminalização da maconha, ainda que se dissesse contra o consumo da droga e contra qualquer vício. Criticava colegas da esquerda latino-americana, como Cristina e Néstor Kirchner, casal argentino a quem chamou certa vez de “a velha e o caolho” —para depois afirmar que não se desculparia.

Gostava de discorrer também sobre o sentido da vida, sobre ter uma causa para lutar e, quando a morte se aproximou, sobre seu próprio fim.

Relembre a seguir algumas declarações de Mujica.

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“Esta velha é pior que o caolho.”

Durante live em 2013, sobre a então presidente argentina, Cristina Kirchner, e Néstor, seu marido e antecessor

“Não vou dar bola nem atravessar o mundo para esclarecer nada.”

Em 2013, quando descobriu estar ao vivo na live ao ser questionado sobre a gafe com os argentinos

“Quando deixamos a existência do aborto no mundo clandestino, quem deixamos em maior risco são as mulheres.”

Durante entrevista à Folha de S.Paulo em 2014

“Nós não gostamos da maconha nem de nenhum vício. Mas pior que a maconha é o narcotráfico. O que está acontecendo é que, pela via repressiva, o narcotráfico está se matando de rir.”

Durante entrevista à Folha de S.Paulo em 2014

“Os seres humanos têm pouca memória. Ao querer mudar, pode-se sempre mudar para pior.”

Durante evento em 2018, após ser questionado sobre a eleição de Jair Bolsonaro

“É hora de o crescimento econômico não ser o único parâmetro com que medimos a vida humana. É preciso começar a pensar em paradigmas que tenham a ver com a felicidade do homem.”

Em coluna de 2018

“Parte da esquerda não aprende as lições da história.”

Durante entrevista de 2019

“Precisamos de uma causa para viver. Dar sentido à nossa vida.”

Durante entrevista em 2023

“Alguns, como eu, transformamos nossa vida em uma vida militante, atrás da esperança de contribuir para criar um mundo um pouco melhor do que aquele em que nascemos.”

Durante entrevista em 2023

“A morte é talvez o que dá valor à vida. Tudo o que é vivo está condenado a morrer. Qual é a diferença que a vida tem das pedras? A vida pode sentir dor, alegria, tristeza, desejo. Parece que temos a função de emprestar uma inteligência ao mundo da vida. ”

Em entrevista à Folha de S.Paulo, em 2024

“O que peço é que me deixem em paz. Que não me peçam mais entrevistas nem nada. Meu ciclo já terminou. Sinceramente, estou morrendo. E o guerreiro tem direito ao seu descanso.”

Em entrevista ao jornal Búsqueda, em janeiro de 2025