SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O caça chinês Chengdu J-10C, também conhecido como o “Dragão Vigoroso”, abateu caças ocidentais como o francês Rafale em 7 de maio. A informação foi confirmada ao jornal South China Morning Post pela Força Aérea do Paquistão, que utilizava as aeronaves durante o conflito com a Índia na Caxemira.
QUE CAÇA É ESTE?
Com apenas um motor, o caça chinês de “4,5ª geração” é versátil. Concebido para o confronto com outros jatos de combate no ar, ele também é capaz de realizar missões de ataque.
Resposta ao F-16. Os caças J-10 foram criados pela Chengdu Aircraft Corporation para a Força Aérea da China no início dos anos 2000, como resposta ao americano F-16 e ao sueco Saab Gripen, e também são utilizados pela Marinha do país oriental. No entanto, os chineses comercializam o Chengdu J-10C para as forças paquistanesas.
No recente confronto na Caxemira, o “Dragão Vigoroso” teria sido capaz de abater cinco caças indianos também, informou o ministro das Relações Exteriores do Paquistão na última semana, antes do cessar-fogo acordado entre os dois países no fim de semana, com mediação dos EUA. Três deles eram de fabricação francesa, os Rafale, e outros dois russos: o MiG-29 e o SU-30, segundo a rede americana CNN.
A Índia não confirmou as perdas. No entanto, um oficial sênior da inteligência francesa admitiu à CNN que pelo menos um Rafale foi derrubado.
80% de todo o equipamento militar do Paquistão é chinês, segundo o site de notícias Business Insider. O país teria recebido sua primeira frota de caças, com versões atualizadas do J-10 original, em 2022. Eles são capazes de transportar bombas guiadas de precisão, mísseis ar-ar (capazes de destruir outra aeronave em pleno voo, como o PL-15), mísseis antinavio, além de foguetes.
Comercialização desta aeronave pode mudar o mercado de armas global, na opinião de especialista. David Jordan, professor de estudos de defesa do King’s College London, afirmou ao Business Insider que o J-10C é “aproximadamente equivalente a um modelo recente do F-16, mas com algumas características -como uma suíte de mísseis de longo alcance- que poderia dar a ele uma vantagem em alguns cenários”.
O primeiro J-10, que foi a estreia da China na produção de aeronaves de combate modernas, entrou em serviço em 2004 com um design de asas em delta que lhe davam mais agilidade que estabilidade. Assim, ele poderia ser manobrado facilmente. Ele teria contado com a colaboração de profissionais israelenses e russos, que incorporaram tecnologias dos dois países ao caça, ainda segundo o Insider.
Ele passou por duas grandes atualizações. Em 2008, surgiu o J-10B com alterações que reduziam sua visibilidade por radares, mudanças no cockpit, sensores de rastreamento infravermelho e sistema de alerta digital, entre outras melhoras. Já em 2015, veio o J-10C.
O Dragão Vigoroso incluía à família de caças um radar AESA. Este foi um salto em precisão de alvos, resistência eletrônica, melhora no alcance de detecção de ameaças, sistemas de comunicação via satélite e maior redução de detecção por radares. Os primeiros modelos ainda contavam com motor russo AL-31F, mas ultimamente ele tem sido produzido já com um motor chinês WS-10, que teria reduzido suas limitações.
Este é um dos primeiros combates aéreos em que o caça chinês é utilizado. As ações da sua fabricante saltaram em cerca de 54% no seu valor entre os dias 7 e 13 de maio, sugerindo maior confiança de investidores na empresa após o conflito, e uma posição comprometedora para as empresas ocidentais.
O Dragão Vigoroso não é o caça mais avançado da China. O título pertence à aeronave de quinta geração J-20, mas pode se tornar o mais comercialmente viável. Ele é capaz de atingir velocidade Mach 1,8 (2.223 km/h) e mísseis que chegam a Mach 5, isto é, cinco vezes a velocidade do som ou cerca de 5.700 km/h com alcance de 300 km, segundo o South China Morning Post. No entanto, a versão “tipo exportação” enviada ao Paquistão teria armas de alcance reduzido de 145 km.
Já o Rafale, apesar de ter o mesmo tipo de radar que atualizou o J-10C, teria mísseis que atingiriam “apenas” Mach 4 -ou 4.887 km/h ao nível do mar. O alcance ainda seria de até 200 km.