RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro e do Ministério Público estadual contra o CV (Comando Vermelho) prendeu, nesta terça-feira (13), dez pessoas suspeitas de fornecer armas e drogas vindas de fora do estado para a facção criminosa. Entre os investigados está Edgar Alves de Andrade, o Doca, apontado pelas autoridades como uma das principais lideranças da facção.

Durante a ação, os agentes encontraram grande quantidade de armas e dólares em duas mansões de dois condomínios de luxo na Barra da Tijuca, na zona oeste da capital. Um dos imóveis seria de Jonnathan Ianovich, investigado na operação por lavagem de dinheiro, preso na noite desta segunda (12) em Araras, São Paulo. A reportagem não localizou sua defesa.

Segundo os investigadores, o arsenal apreendido seria usado para reforçar o poder bélico da facção em comunidades do Rio e expandir atuação em outros estados.

A Operação Contenção ocorre em quatro estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso e Rondônia. Ao todo, foram expedidos 22 mandados de prisão preventiva e 39 de busca e apreensão em cidades como Maricá e Resende, no Rio, João Pessoa (PB), Cabedelo (PB), Araras (SP), Fazendinha (SP) e Pontes e Lacerda (MT).

As investigações revelaram que o Comando Vermelho recrutava criminosos de outros estados com funções operacionais específicas, como transporte de armas, gestão de empresas de fachada e abertura de contas bancárias usadas na lavagem de dinheiro.

Os policiais identificaram uma movimentação de R$ 5 milhões em menos de um mês e pediram o bloqueio de R$ 40 milhões em bens e valores de pessoas físicas e jurídicas ligadas ao grupo.

O objetivo, segundo a polícia, é asfixiar financeiramente a facção, que vinha utilizando essa estrutura para driblar a repressão e manter seu funcionamento com um alto grau de sofisticação.

As ações também miram a logística do tráfico, que permitia o fornecimento constante de armas e entorpecentes a comunidades dominadas pelo Comando Vermelho, especialmente na zona oeste do Rio.

Entre os alvos da operação estão também Jonathan Ricardo de Lima Medeiros, conhecido como Dom, que lideraria a célula da facção na Paraíba, e Luiz Carlos Bandeira Rodrigues, o Da Roça, apontado pelas polícia como articulador das operações na Muzema, comunidade da zona oeste do Rio. Segundo os investigadores, ambos atuavam do Complexo do Alemão, coordenando a logística do grupo à distância.

Os alvos vão responder por associação para o tráfico de drogas com emprego de arma de fogo e entre estados da federação, falsidade ideológica, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e comércio ilegal de arma de fogo. A reportagem não conseguiu contato com os suspeitos nem seus defensores.

A operação é conduzida por agentes da 60ª DP (Campos Elíseos), com apoio do Gabinete de Recuperação de Ativos da Polícia Civil, do GAECO e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do Ministério Público, além de contar com o suporte da Polícia Rodoviária Federal, Receita Federal, Exército Brasileiro e da agência americana Homeland Security Investigations.

O secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, afirmou que a ação visa “interromper a engrenagem do crime” ao desmontar a cadeia de fornecimento de drogas e armas.

Essa etapa da operação dá continuidade a uma ofensiva maior contra a facção, que já teve mais de R$ 6 bilhões em bens ligados ao tráfico alvo de pedidos de bloqueio nas fases anteriores.