SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em uma entrevista coletiva no Festival de Cannes desta terça-feira (13), Halle Berry, Jeremy Strong e a presidente do júri, Juliette Binoche, foram questionados sobre a possibilidade que Donald Trump imponha tarifas de 100% para filmes gravados fora dos Estados Unidos.

Os outros membros do júri –Alba Rohrwacher, Hong Sang-soo, Payal Kapadia, Carlos Reygadas, Leila Slimani e Dieudo Hamadi– também estavam presentes.

“Não tenho certeza se sou capaz de responder a isso porque requer uma análise da indústria e do cinema no mundo”, disse Binoche as possíveis tarifas ao cinema internacional de Trump.

“Entendo que o presidente Trump está tentando proteger seu país, mas nós temos uma comunidade cinematográfica muito forte em nosso continente, na Europa. Então não sei o que dizer, realmente, sobre isso”, afirmou. “Acho que podemos ver que ele está lutando, e está tentando de várias maneiras diferentes salvar os Estados Unidos e salvar sua pele”.

Trump disse, no começo do mês, que as produções estrangeiras são uma “ameaça à segurança nacional”, atraem cineastas para outros mercados e levam “mensagens e propagandas” para o país.

Jeremy Strong, que interpretou o advogado e mentor do atual presidente, Roy Cohn, em “O Aprendiz”–filme sobre a ascensão de Trump, que estreou em Cannes no ano passado– relembrou os temas do longa.

“Roy Cohn, eu o vejo essencialmente como o progenitor das fake news e fatos alternativos, e estamos vivendo nas consequências do que ele criou,” disse.

“Acho que neste momento em que a verdade está sob ataque, onde a verdade está se tornando algo cada vez mais ameaçado, o papel das histórias, do cinema, da arte e aqui, especificamente neste templo do cinema, o papel do filme é cada vez mais crucial porque pode combater essas forças na entropia da verdade”, afirmou o ator de “Succession”. “Eu diria que o que estou fazendo aqui este ano é, de certa forma, um contrapeso ao que Roy Cohn estava fazendo no ano passado”.

Binoche também foi questionada sobre por que não é signatária de uma carta aberta que condena a passividade de Cannes em relação à guerra em Gaza, assinada por mais de 350 membros da indústria cinematográfica –entre eles Richard Gere e Javier Bardem. “Vocês talvez entendam mais tarde”, afirmou a presidente do júri, e se recusou a dizer mais.

Quando foram questionados sobre a carta anteriormente, todos exceto a escritora franco marroquina Leila Slimani se recusaram a responder.

Em outro momento, Halle Berry revelou que precisou mudar seu vestido para a abertura do evento após anúncio feito na véspera (12) de que nudez e “trajes volumosos” seriam proibidos no tapete vermelho. Segundo ela, seu vestido possuía uma longa cauda que não seria permitida com as novas regras.

A atriz, vencedora do Oscar de melhor atriz por “A Última Ceia”, também foi questionada sobre a franquia James Bond, na qual estrelou como Jinx em “007 – Um Novo Dia Para Morrer”.

“Em 2025, é bom dizer: ‘Ah, ela deveria ser uma mulher’, mas não sei realmente se acho que isso é a coisa certa a fazer. E não, duvido que haverá um spin-off de Jinx. Houve um tempo em que isso poderia ter acontecido”, contou.

O festival ocorre de 13 a 24 de maio e conta com “O Agente Secreto”, filme de Kleber Mendonça Filho e estrelado por Wagner Moura, como um dos longas que competem pela Palma de Ouro, principal prêmio do evento.