O Banco Central do Brasil (BC) e o Banco Popular da China (PBoC) firmam nesta terça-feira (13), em Pequim, um acordo estratégico para facilitar o acesso a liquidez em situações de emergência financeira. O instrumento adotado é o chamado “swap de moedas”, um tipo de operação que permite a troca temporária de valores entre os dois países, com o objetivo de proteger suas economias de choques externos e aumentar a estabilidade cambial.
Pelo acordo, que terá duração inicial de cinco anos, o BC poderá disponibilizar até R$ 157 bilhões em operações com o banco chinês. Na prática, o PBoC receberá reais e depositará o valor correspondente em dólares numa conta especial em nome do BC brasileiro. Essa quantia poderá ser movimentada conforme regras estabelecidas no contrato bilateral.
Para garantir que o mecanismo funcione sem desequilíbrios, o Banco Central se compromete a observar não apenas as taxas de câmbio dos dois países, mas também os juros praticados nos mercados internacionais e o comportamento dos títulos públicos, que servem como termômetro de risco.
A iniciativa faz parte de um movimento maior: desde a crise de 2007-2008, esse tipo de cooperação se tornou mais comum entre bancos centrais ao redor do mundo. O PBoC, por exemplo, já mantém cerca de 40 acordos similares com instituições como o Banco Central Europeu, o Banco da Inglaterra, além dos bancos centrais do Japão, Canadá e África do Sul.
O Brasil, por sua vez, já participa de um arranjo parecido com o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos. Conhecido como FIMA (Foreign and International Monetary Authorities Repo Facility), o acordo permite ao BC brasileiro acessar dólares oferecendo títulos públicos nacionais como garantia.
A assinatura do acordo com os chineses acontece durante a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país asiático. A comitiva brasileira é acompanhada por Gabriel Galípolo, presidente do BC, que, além do evento desta terça-feira, também participará de um seminário sobre os Panda Bonds — títulos emitidos por estrangeiros no mercado chinês — na próxima quinta-feira (15).
Com esse novo capítulo na relação Brasil-China, os dois países aprofundam os laços financeiros e criam mecanismos para proteger suas economias em tempos de instabilidade, fortalecendo a integração entre as maiores economias emergentes do planeta.