SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma manifestação na região da favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, interditou a avenida Giovanni Gronchi em ambos os sentidos, na noite desta segunda-feira (12).

Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a Giovanni Gronchi foi bloqueada inicialmente por volta das 18h30 no trecho junto à rua Doutor Laerte Setúbal. A via foi liberada pouco depois das 19h40. Manifestantes, porém, bloquearam a via novamente poucos minutos depois, no sentido centro, próximo ao cruzamento com a rua Doutor Francisco Thomaz de Carvalho, com uso de uma caçamba de entulho. A via só acabou liberada por volta das 22h.

O motivo da manifestação foi por causa de uma ação da Polícia Militar na região na noite de sábado (10) na comunidade, que provocou a morte de um jovem de 19 anos.

Em entrevista ao programa Brasil Urgente, da Band, o capitão Simões, da Polícia Militar, disse que primeiro um ônibus foi atacado e o motorista foi obrigado cruzar o coletivo na Giovanni Gronchi, travando o trânsito. Passageiros precisaram descer do veículo. Também houve bloqueio na avenida Hebe Camargo, que fica próxima.

Manifestantes tentaram atear fogo no ônibus, mas não conseguiram por causa da chegada da polícia.

Na sequência, barricadas com fogo foram armadas em outros pontos da favela. O Corpo de Bombeiros chegou à comunidade por volta das 19h, com a chegada da polícia.

Houve relatos de estampidos, mas o oficial disse que não era possível afirmar se eram disparados de arma de fogo ou rojões. “Esse é um lugar perigoso. No ano passado foram apreendidos mais de 20 fuzis”, afirmou.

O Batalhão de Choque foi chamado e um helicóptero Águia, da Polícia Militar, acompanhava a manifestação do alto.

Imagens da TV mostraram correria com o avanço de policiais militares pelas ruas onde havia manifestação. Os PMs usaram balas de borracha e manifestantes reagiram com rojões e atiraram paus e pedras.

Vídeos gravados por moradores mostram correria, avanço da polícia em bloco e muitos disparos.

Por volta das 20h30 eram ao menos oito o número de ônibus atacados. Manifestantes também tombaram uma caminhonete da CET -o motorista, que não foi agredido, teve a chave de veículo tomada. Ele acabou levado para uma garagem da companhia.

Uma moradora da Giovanni Gronchi disse na rede social X que ninguém entrava ou saia de casa na avenida. Ela relatou ter ouvido tiros de fuzil.

Sobre o caso do morador morto, a SSP afirma em nota que as polícias Civil e Militar investigam a morte de um rapaz de 19 anos, ocorrida na noite do último sábado (10), na rua Ernest Renan, em Paraisópolis.

Na ocasião, diz a pasta da segurança pública, policiais militares faziam patrulhamento e flagraram um grupo traficando drogas. “Ao se aproximarem para iniciar o procedimento de abordagem, eles fugiram. Porém, um deles resistiu e houve intervenção da equipe.”

O jovem, conforme a SSP, foi socorrido ao Hospital Campo Limpo, onde morreu. “Com ele foram apreendidas drogas, dinheiro, celulares, faca, mochilas e cadernos de contabilidade do tráfico”, afirma.

“Todo material, além das armas dos PMs foram encaminhadas à perícia. O caso segue sob investigação pelo DHPP [Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa].”

O policiamento, diz, seguirá intensificado na região de Paraisópolis.

Ainda segundo a SSP, uma viatura blindada da Polícia Militar foi atingida por disparos. Não houve registro de feridos. “As vias foram desobstruídas e a tropa permanece no local para garantir a manutenção da ordem.”