SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após registrar prejuízo de R$ 2,59 bilhões no ano passado, os Correios anunciaram um plano para reduzir despesas em R$ 1,5 bilhão em 2025. Para isso, criou um PDV (Programa de Desligamento Voluntário) e determinou que todos os funcionários devem retornar ao trabalho presencial a partir de 23 de junho.

O resultado do ano passado é quatro vezes pior que o de 2023, quando a companhia já estava no vermelho, com prejuízo de R$ 633,5 milhões.

Em nota, a empresa atribui parte dos resultados negativos à “taxa das blusinhas”: “A frustração de receita observada em 2024 decorre exclusivamente dos efeitos do novo marco regulatório das compras internacionais -uma demanda do varejo nacional que teve impacto positivo para o setor, mas negativo para os Correios”.

Em 2024, o Congresso aprovou o fim de uma isenção de impostos de importação para valores de até US$ 50, em uma discussão que ficou conhecida popularmente como “taxa das blusinhas”. Para produtos acima desse patamar e de até US$ 3.000 o tributo federal é de 60%, com redução de US$ 20 no imposto a pagar.

A receita da empresa, no entanto, não explica completamente o resultado final. Houve queda de apenas 1,7% em relação a 2023 (de R$ 19,2 bilhões para R$ 18,9 bilhões).

O texto dos Correios também cita “despesas judiciais herdadas de gestões anteriores”. De acordo com o balanço, aumentaram tanto despesas operacionais como financeiras.

Os gastos com precatórios e requisição de pequenos valores também subiram, principalmente por conta de “ações de natureza trabalhista com decisões desfavoráveis”.

As despesas financeiras cresceram por uma revisão dos juros incidentes sobre o plano de para acabar com o déficit.

No balanço, são listadas outras medidas para “reduzir os prejuízos acumulados”, como um acordo com a PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) que pode gerar um crédito tributário de R$ 638 milhões e a reforma tributária (segundo o texto, a empresa vai deixar de pagar PIS e Cofins e não precisará pagar o novo imposto, o CBS).

Entre as medidas anunciadas como parte do plano para economizar dinheiro, além do PDV e do fim do trabalho remoto, estão um incentivo à redução de jornada com redução de pagamento, suspensão temporária de férias, um novo formato de plano de saúde e uma revisão da estrutura da sede com a qual se espera cortar pelo menos 20% do orçamento de funções.

A piora do resultado dos Correios aconteceu em um ano em que a remuneração do pessoal chave da administração subiu 4,8% -o total chegou a R$ 6,27 milhões.