SÃO PAULO, SP E MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) – Carlo Ancelotti, 65, é o novo técnico da seleção brasileira. Após idas e vindas em uma negociação que se arrastou por mais de dois anos, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) anunciou a contratação do italiano na manhã desta segunda-feira (12). O compromisso é válido até a Copa do Mundo de 2026.

A confirmação se deu antes mesmo do anúncio da saída do treinador do Real Madrid -que perdeu clássico para o Barcelona, no domingo (11), resultado que praticamente definiu o Campeonato Espanhol. O profissional concederá uma entrevista nesta terça (13), na qual dará os detalhes de sua despedida do clube branco.

Ele comandará o time merengue nas três rodadas derradeiras de LaLiga. A última ocorrerá no fim de semana dos dias 24 e 25 de maio. No dia seguinte, 26, já fará sua primeira convocação na seleção, para as partidas contra Equador (5 de junho, em Guayaquil) e Paraguai (10 de junho, em São Paulo).

A seleção brasileira, que estava sem técnico desde a saída de Dorival Júnior, em 28 de março, voltará a ser dirigida por um estrangeiro após 60 anos. Já estiveram à frente do time nacional o uruguaio Ramón Platero (1925), o português Joreca (1944) e o argentino Filpo Núñez (1965).

Para contar com o experiente técnico no final das Eliminatórias e, sobretudo, na disputa da Copa do Mundo de 2026, a CBF topou oferecer um salário de R$ 60 milhões anuais -R$ 5 milhões por mês, bem próximo do que ele ganha atualmente no Real Madrid-, quase do dobro do que recebia Tite, comandante do Brasil nos Mundiais de 2018 e 2022.

Isso deve posicionar Ancelotti, aos 65 anos, como o profissional mais bem pago entre aqueles que comandam seleções. Atualmente, o maior salário pertence ao alemão Thomas Tuchel, que fatura R$ 3,1 milhões por mês para comandar a Inglaterra. O argentino Mauricio Pochettino aparece em segundo na lista, com R$ 2,8 milhões mensais à frente da equipe dos Estados Unidos. Os vencimentos dos dois foram revelados pelos jornais The Sun e The Athletic.

“Trazer Carlo Ancelotti para comandar o Brasil é mais do que um movimento estratégico. É uma declaração ao mundo de que estamos determinados a recuperar o lugar mais alto do pódio. Ele é o maior técnico da história e, agora, está à frente da maior seleção do planeta. Juntos, escreveremos novos capítulos gloriosos do futebol brasileiro”, afirmou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

Na visão dos dirigentes da CBF, Ancelotti reúne qualidades que aproximam seu perfil ao de um CEO de alto desempenho: exerce liderança com discrição e autoridade, sabe gerir talentos com inteligência emocional e promove estabilidade em seu grupo de trabalho mesmo sob alta pressão.

“O impacto de Ancelotti vai além de resultados; ele é um estrategista que transforma equipes em lendas. O Brasil, com sua tradição única, e Ancelotti, com sua visão revolucionária, formarão uma parceria que vai entrar para a história”, disse Rodrigues.

Ancelotti é o único técnico com cinco títulos da Champions League, dois pelo Milan e três pelo Real Madrid. Conquistou troféus nacionais nas cinco principais ligas da Europa -Itália (Milan), Inglaterra (Chelsea), França (Paris Saint-Germain), Alemanha (Bayern) e Espanha (Real Madrid)- e soma mais de 25 taças, incluindo copas nacionais e supercopas.

Sob seu comando, quatro jogadores alcançaram a Bola de Ouro: o ucraniano Shevchenko (2004, Milan), o brasileiro Kaká (2007, Milan), o português Cristiano Ronaldo (2014, Real Madrid) e o francês Benzema (2022, Real Madrid).

IDAS E VINDAS

Ancelotti é o quinto técnico da seleção no período de Ednaldo Rodrigues à frente da CBF. Os outros foram Tite, que deixou o comando do time após a Copa de 2022, Ramon Menezes e Fernando Diniz, interinos, e Dorival Júnior.

Diniz assumiu a equipe em um suposto projeto de transição para Ancelotti, que em 2023 teria concordado em assumir o selecionado brasileiro a partir de 2024 -o que não ocorreu.

Naquele período, Ednaldo foi temporariamente afastado de seu posto na Justiça, e o italiano renovou com o Real. Então, Dorival foi contratado.

Quando Dorival foi demitido, em 28 de março, Ednaldo voltou a procurar Ancelotti, que vivia fase ruim na Espanha. Com a vontade do time merengue de demiti-lo para a chegada de Xabi Alonso, um acordo parecia encaminhado.

Faltava superar a concorrência de clubes da Arábia Saudita, que acenavam com ofertas polpudas. Ednaldo, então, subiu a sua proposta e fechou acordo com o italiano.