SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da Rússia, Vladimir Putin, propôs neste domingo (11) a realização de negociações diretas com a Ucrânia na próxima quinta-feira (15), na Turquia. O objetivo, segundo ele, é encerrar a guerra uma iniciativa bem recebida pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelenski.
É o mais perto que os líderes já chegaram de começar a conversar sobre um acordo desde quando Putin enviou milhares de tropas para a Ucrânia, em fevereiro de 2022, e desencadeou o mais grave confronto entre a Rússia e o Ocidente desde a Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962.
Ainda há impasses para o encontro se concretizar, no entanto. O presidente russo ofereceu poucas concessões até o momento, e, agora, afirma que as possíveis conversas devem ser realizadas sem pré-condições.
“Oferecemos às autoridades de Kiev que retomem as negociações já na quinta, em Istambul”, disse ele em um comunicado televisionado do Kremlin, na madrugada de domingo (noite de sábado no Brasil).
“Nossa proposta, como se diz, está sobre a mesa. A decisão agora cabe às autoridades ucranianas e seus curadores, que parecem estar guiados por ambições políticas pessoais, e não pelos interesses de seus povos”, disse ele mais tarde ao agradecer à China, ao Brasil, aos países africanos e do Oriente Médio e aos EUA por seus esforços de mediação.
Zelenski afirmou pela rede social X que o aceno é sinal de que os russos começaram a considerar o fim do conflito, mas que, para isso, é preciso garantir “o primeiro passo para realmente acabar com qualquer guerra” uma trégua. “Esperamos que a Rússia confirme um cessar-fogo total, duradouro e confiável a partir de amanhã, 12 de maio”, disse ele.
A demanda é encampada por representantes de grandes potências europeias, que exigiram um cessar-fogo incondicional de 30 dias sob o risco de novas sanções à Rússia durante um encontro com Zelenski em Kiev, neste sábado (10). O grupo inclui o presidente da França, Emmanuel Macron, e os primeiros-ministros da Alemanha, Friedrich Merz, da Polônia, Donald Tusk, e do Reino Unido, Keir Starmer.
Ao comentar a questão neste domingo, ao retornar da Ucrânia, Macron afirmou que a proposta de Putin “é um primeiro passo, mas não é suficiente”. “Um cessar-fogo incondicional não é precedido por negociações, por definição”, afirmou a jornalistas.
Em seu discurso da manhã no Kremlin, Putin rejeitou o que chamou de ultimatos vindos de potências europeias. Segundo ele, a Rússia já havia proposto diversas tréguas, incluindo uma na Páscoa e, mais recentemente, uma de 72 horas para as celebrações dos 80 anos da vitória na Segunda Guerra Mundial.
A desconfiança entre as duas partes paira mesmo durante esses acordos. Neste domingo, Putin afirmou que a Ucrânia atacou a Rússia com 524 drones aéreos, 45 drones marítimos e vários mísseis ocidentais durante a última trégua concluída no sábado, determinada unilateralmente por Moscou.
Segundo a agência de notícias estatal Tass, o Ministério da Defesa russo afirmou, também neste domingo, que a Ucrânia teria violado a trégua de três dias mais de 14 mil vezes e as tropas de Kiev teriam feito cinco tentativas de romper a fronteira sul da Rússia.
As acusações acontecem também por parte da Ucrânia. Kiev não relatou nenhum lançamento de mísseis russos de longo alcance contra suas cidades nos últimos dias, mas acusa Moscou de centenas de violações na linha de frente.
Apesar do apelo de Putin, a Rússia lançou neste domingo um ataque com drones contra Kiev e outras regiões da Ucrânia, ferindo uma pessoa nos arredores da capital e danificando várias residências, segundo autoridades locais.
Em mensagem na rede social Truth Social, o presidente americano, Donald Trump, celebrou a proposta de Putin como um passo positivo para o fim da guerra. “Um dia potencialmente grandioso para a Rússia e a Ucrânia!”, escreveu o republicano. “Pensem nas centenas de milhares de vidas que serão salvas se esse banho de sangue interminável finalmente tiver um fim.”