RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – As finais das competições de base do circuito brasileiro de surfe ocorrem neste domingo (11), em Porto de Galinhas, com 10 jovens que passaram pelo Programa Talento Feminino, iniciativa confederação brasileira para fomentar uma maior participação de mulheres no tour.

O número representa 71% dentre as jovens que brigam pelo título no Sub-12, Sub-14, Sub-16 e Sub-18. O programa foi criado em 2022 por Brigitte Mayer, vice-presidente da CBSurf, com o intuito de identificar e formar surfistas ainda na base, oferecendo suporte técnico e estrutura para treinamento.

“O Talento Feminino tem como foco promover a equidade de gênero no surfe, oferecendo mais oportunidades a todas as jovens e profissionais do esporte, como árbitras, treinadoras, profissionais da saúde e gestoras, fortalecendo a presença feminina no cenário esportivo”, disse Brigitte Mayer.

“O programa é baseado em nossa vivência como atletas, tanto eu como a Karina Abras (coordenadora feminina) e Andrea Lopes (treinadora) fomos atletas por muitos anos. Ao encerrarmos nossas carreiras, seguimos observando, estudando e, com o apoio da área Mulher no Esporte do COB, chegamos a projetos e programas específicos, com uma inovadora e pioneira metodologia de desenvolvimento”, completou.

Em 2025, o programa atingiu a Onda 3, com intercâmbio esportivo, capacitação de treinadoras e o acompanhamento técnico. Nos dois anos anteriores, houve a Onda 1, onde foram mapeadas e identificadas atletas com potencial e a Onda 2, com desenvolvimento e capacitação.

Julia Stefani, de 13 anos, que está na final do sub-14 e do sub-16, passou pelo programa. Ela também marcou o maior somatório, 13.17, e nota do feminino no evento -fez uma nota 8, terceira maior de todo o torneio entre homens e mulheres. “O Talento Feminino me ensinou muita coisa: trabalhar a mente, ver onde eu tava errando, como melhorar… e também que todas as meninas precisam andar juntas, porque a união faz a força. Isso faz toda a diferença”.

Etapas de formação

– Onda 1: Mapeamento de surfistas nas cidades visitadas em atividades com a equipe técnica feminina da CBSurf e representantes do surfe local.

– Onda 2: As surfistas entre 12 a 16 anos que se destacaram no Onda 1 recebem treinamento de alto rendimento no Centro de Treinamento Time Brasil, no Parque Olímpico, e nas piscinas de ondas da Surfland

– Onda 3: Internacionalização com treinamento também fora do país, como no centro de treinamento do Peru surfando ondas diferentes das condições brasileiras.

Segundo Brigitte Mayer, houve um aumento de 100% no número de mulheres competindo a Taça Brasil, além de um aumento da capacidade técnica nos torneios de base. Ela aponta ainda que o projeto já catalogou 250 atletas em oito cidades, com a presença de 57% de jovens entre 11 e 14 anos, e atletas que participaram do programa conquistaram vaga no time brasileiro Junior.

“Tudo isso nos traz a certeza de que o desenvolvimento através de projetos estruturados e direcionados ao universo feminino contribui para a construção de um cenário esportivo que proporciona novas oportunidades e visibilidade” explicou Mayer.

Mayer ressalta que os resultados do trabalho podem ser vistos na maior segurança que as jovens demonstram ao executar manobras mais difíceis nas competições.

“Observamos uma evolução técnica significativa em todas as atletas, com manobras com alto grau de comprometimento e dificuldade, inovadoras e progressivas sendo parte do surf apresentado por elas nas baterias. Treinos realizados no mar e na piscina de ondas, na Onda 2 e Onda 3, contribuem para que elas tenham maior segurança em executar essas manobras durante os campeonatos”, disse Brigitte Mayer.

Ação inédita

Entre os dias de 23 e 25 de maio, a Praia do Borete, em Porto de Galinhas, vai receber atividades do Núcleo Feminino da CBSurf para treinamentos técnicos, simulações de bateria e palestras voltadas às surfistas locais e da região.

No dia 21, o projeto vai ter uma ação inédita: o Workshop Instrutora de Surfe – Talento Feminino, voltado exclusivamente a mulheres treinadoras, instrutoras, professoras e monitoras. A atividade será conduzida por Karina Abras, coordenadora do surfe feminino da CBSurf, que irá abordar temas relevantes para o aprimoramento técnico das profissionais.

As finais

Sub-12

Maria Clara Chuquer (SP)*

Eloá Lima (CE)*

Hanna Prado (PB)*

Maria Borges (RS)*

Sub-14

Carol Bastides (SP)*

Lulu Vivan (MA)*

Valentina Zanoni (SE)*

Julia Stefani [A] (SP)*

Sub-16

Giovanna Rocha [A] (SP)*

Julia Stefani [A] (SP)*

Carol Bastides (SP)*

Maria Clara (RN)*

Sub-18

Aysha Ratto (RJ)

Gabriely Vasque [A] (PR)

Luara Mandelli (PR)

Alexia Monteiro (RS)

* Passaram pelo programa