SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Índia e o Paquistão deram mais um passo em direção a uma guerra declarada depois de ataques mútuos contra bases aéreas nesta sexta-feira (9) em uma grave escalada do conflito entre as duas potências nucleares.

Islamabad disse na noite de sexta, manhã de sábado (10) no horário local, estar lançando uma operação militar contra o país vizinho após ser alvo de ataque de mísseis, e Nova Déli registrou explosões na fronteira e falou em “ataque massivo” de drones. Segundo o jornal Times of India, há troca de disparos de artilharia ao longo da “linha de controle” entre os dois países na Caxemira.

Uma fonte ligada às Forças Armadas da Índia disse à agência de notícias Reuters que o país lançou operações aéreas contra o Paquistão, e a imprensa do país relata ataques contra quatro bases militares paquistanesas. Islamabad fechou seu espaço aéreo e afirmou ter mirado três bases da Força Aérea Indiana, uma afirmação que não pode ser verificada de maneira independente.

De acordo com o Paquistão, trata-se de retaliação após um ataque de mísseis da Índia mirar bases militares próximas à capital -ainda segundo o governo paquistanês, a maioria dos projéteis foi interceptada e não houve danos graves contra infraestrutura militar.

Os locais supostamente bombardeados pelo Paquistão não estão limitados à região da Caxemira, outro sinal de ampliação do conflito. Na quarta-feira (7), o país disse ter derrubado cinco caças da Força Aérea Indiana.

A Índia, por sua vez, registrou explosões em estados próximos à fronteira com o vizinho e afirmou ter derrubado centenas de drones em 26 locais diferentes na Caxemira indiana e em outras regiões.

A cidade de Amritsar, sagrada para a religião Sikh e capital do estado indiano do Punjab, teve explosões e blecautes ao longo da sexta-feira, com pessoas correndo para abrigos antibomba e estocando suprimentos básicos. O governo em Nova Déli ordenou o fechamento de 32 aeroportos no norte e oeste do país.

Esta é a maior escalada do conflito pela região da Caxemira em quase três décadas. Até aqui, 48 pessoas já morreram em ataques dos dois lados, e os rivais fizeram novas acusações: o Paquistão afirma que a Índia lançou um ataque com mísseis balísticos de grande potencial destrutivo, mas que ele não teria sido bem-sucedido.

Assim, os dois países armados com armas nucleares se aproximam cada vez mais de guerra declarada, no que seria o quarto conflito armado entre as nações criadas após o colapso do sistema colonial britânico no subcontinente indiano -mas, em distinção crucial, o primeiro após a obtenção da bomba atômica pelos dois rivais.

O G7, grupo diplomático formado por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão, emitiu uma nota na sexta pedindo diálogo entre Índia e Paquistão e “máxima contenção” de qualquer escalada militar.

A nota “condena fortemente” o ataque terrorista na Caxemira indiana que serviu de estopim para o conflito atual e pede aos dois países que “entrem em diálogo direto para atingir uma resolução pacífica”. O Departamento de Estado dos EUA disse mais cedo que está em contato constante com a Índia e o Paquistão.

A crise teve início no dia 22 de abril, após um ataque terrorista cometido por um grupo armado que pede a separação da Caxemira indiana matar 26 pessoas, a maioria turistas hindus. A Índia culpou o grupo jihadista Lashkar-e-Taiba (LeT), sediado no Paquistão, e acusou Islamabad de envolvimento no ataque, o que o governo paquistanês nega. A organização, designada como terrorista pela ONU, é suspeita de realizar ataques em Mumbai que deixaram 166 mortos em 2008.