SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Índia e o Paquistão deram mais um passo em direção a uma guerra declarada entre as duas potências nucleares depois de ataques mútuos contra bases aéreas nesta sexta-feira (9) em uma grave escalada do conflito.

Islamabad disse na noite de sexta, manhã de sábado (10) no horário local, estar lançando uma operação militar contra o país vizinho após ser alvo de ataque de mísseis, e Nova Déli registrou explosões na fronteira e falou em “ataque massivo” de drones.

Uma fonte ligada às Forças Armadas da Índia disse à agência de notícias Reuters que o país lançou operações aéreas contra o Paquistão. Islamabad fechou seu espaço aéreo e afirmou ter mirado três bases da Força Aérea Indiana, uma afirmação que não pode ser verificada de maneira independente.

De acordo com o Paquistão, trata-se de retaliação após um ataque de mísseis da Índia mirar bases militares próximas à capital -ainda segundo o governo paquistanês, os projéteis foram interceptados. Os locais supostamente bombardeados pelo Paquistão não estão limitados à região da Caxemira, outro sinal de ampliação do conflito.

A Índia, por sua vez, disse ter registrado explosões em estados próximos à fronteira com o vizinho e afirmou ter derrubado drones em 26 locais diferentes na Caxemira indiana e em outras regiões. A cidade de Amritsar, sagrada para a religião Sikh e capital do estado indiano do Punjab, teve explosões e blecautes ao longo da sexta-feira.

Esta é a maior escalada do conflito pela região da Caxemira em quase três décadas. Até aqui, 48 pessoas já morreram em ataques dos dois lados, e os rivais fizeram novas acusações: o Paquistão afirma que a Índia lançou um ataque com mísseis balísticos de grande potencial destrutivo, mas que ele não teria sido bem-sucedido.

Assim, os dois países armados com armas nucleares se aproximam cada vez mais de guerra declarada, no que seria o quarto conflito armado entre as nações criadas após o colapso do sistema colonial britânico no subcontinente indiano -mas, em distinção crucial, o primeiro após a obtenção da bomba atômica pelos dois rivais.

O G7, grupo diplomático formado por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão, emitiu uma nota na sexta pedindo diálogo entre Índia e Paquistão e “máxima contenção” de qualquer escalada militar.

A nota “condena fortemente” o ataque terrorista na Caxemira indiana que serviu de estopim para o conflito atual e pede aos dois países que “entrem em diálogo direto para atingir uma resolução pacífica”.

A crise teve início no dia 22 de abril, após um ataque terrorista cometido por um grupo armado que pede a separação da Caxemira indiana matar 26 pessoas, a maioria turistas hindus. A Índia culpou o grupo jihadista Lashkar-e-Taiba (LeT), sediado no Paquistão, e acusou Islamabad de envolvimento no ataque, o que o governo paquistanês nega. A organização, designada como terrorista pela ONU, é suspeita de realizar ataques em Mumbai que deixaram 166 mortos em 2008.