SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A veterinária Fernanda Loureiro Fazio, 45, suspeita de ser a mandante da morte da ex-mulher, a professora Fernanda Reinecke Bonin, 42, se entregou à polícia nesta sexta (9), de acordo com o DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa).
A prisão preventiva da suspeita foi pedida pela polícia e concedida pela Justiça na manhã de sexta. Segundo a investigação, outras duas pessoas, que teriam executado o crime, também tiveram as prisões solicitadas.
A Folha não conseguiu acesso à defesa de Fazio até a publicação deste texto.
A Folha apurou que agentes do DHPP estavam monitorando a suspeita desde cedo, quando ela saiu de casa, por volta das 5h30. O mandado de prisão foi expedido por volta das 10h30 e, após negociação, ela se entregou no escritório da advogada, em Perdizes, zona oeste de São Paulo, e foi levada ao DHPP em viatura da Polícia Civil.
Os agentes foram à região onde o corpo da professora foi encontrado, atrás dos executores do crime, que seriam conhecidos no bairro. A polícia acredita que ela foi morta neste local.
Na quinta-feira (8), foi preso um homem flagrado por câmera de monitoramento abandonando o carro da professora na rua Ricardo Moretti, na região do autódromo de Interlagos, zona sul de São Paulo, de acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública).
Ele admitiu à polícia que havia abandonado o veículo, mas disse que não participou do assassinato. Após o depoimento, o DHPP solicitou à Justiça a prisão da ex-mulher.
O veículo da vítima, um Hyundai Tucson, foi encontrado no sábado (3). Dentro, havia uma faca e um celular.
O corpo de Bonin foi localizado no dia 28 de abril, com um cadarço enrolado no pescoço, na avenida João Paulo da Silva, na Vila da Paz.
Segundo o boletim de ocorrência, a ex-mulher da professora declarou em depoimento que as duas estavam em fase de reconciliação e não moravam juntas.
As duas tinham um relacionamento de oito anos e dois filhos juntas. Segundo a veterinária, chegaram a fazer terapia para tentar retomar o relacionamento.
Na tarde de domingo (27), de acordo com o boletim de ocorrência, Fazio alegou que teve problemas na marcha do carro e, por isso, teria pedido ajuda a Bonin, que saiu de casa sozinha. Passados 30 minutos, ela não chegou ao local combinado.
A marcha do carro da veterinária voltou a engatar e ela foi até o condomínio da professora, mas o porteiro não soube dar informações se ela tinha saído ou não. Conforme a polícia, laudo pericial confirmou que o carro não estava quebrado.
No dia seguinte, como Bonin não apareceu no trabalho, a veterinária acionou a Polícia Militar e passou a procurá-la em hospitais.
A polícia investiga o crime como feminicídio, pela suspeita de ter sido um caso passional, diz a delegada Ivalda Aleixo, diretora do DHPP.
As duas, conforme a policial, estavam separadas havia cerca de um ano. “Parece que havia um inconformismo [com a separação]”, disse, em entrevista coletiva na tarde desta sexta na sede do DHPP.
Testemunhas afirmaram à polícia que a professora tinha um convite para dar aulas na Alemanha, o que poderia ter motivado ciúmes.
Outra hipótese é um suposto seguro deixado pela vítima em nome dos filhos gêmeos de 6 anos das duas, que, segundo a polícia, seria de R$ 400 mil a R$ 500 mil.
Fazio, conforme Artur Dian, delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, manteve-se em silêncio após ser presa nesta sexta.
Ao todo, a polícia investiga a participação de cinco pessoas no crime. Além de João Paulo Buorquim, preso na quinta, foi pedida a prisão de Rosemberg Joaquim de Santana e Ivo Resende dos Santos.
Todos têm passagens pela polícia -no caso de Buorquim e Santana, por homicídio, entre outros.
Ainda não se sabe quem foi o autor direto do assassinato da professora.
A reportagem não conseguiu contato da defesa dos investigados.
Uma mulher que estaria no carro com João Paulo também está sendo procurada. Ela não teve o nome informado.
O delegado Dian afirmou que Santana era uma espécie de faz-tudo da veterinária. Em uma mensagem, por exemplo, ela pergunta se ele pode fazer a doação de um colchão.
As investigações chegaram à conclusão de que Fazio era mentora do crime após o depoimento do suspeito preso na quinta e por troca de mensagens entre ela e Santana.
Ainda conforme a delegada Ivalda, a veterinária estaria com pelo menos uma das crianças em seu carro quando chegou ao local onde estava a companheira, que seria capturada em seguida.
Essa criança aparece em uma das imagens de câmeras de segurança analisada pela polícia.
Fazio seguiu para a casa da professora de matemática. “A guarda era da Bonin e possivelmente e era o dia de devolver as crianças. Poderia ser uma desculpa, álibe”, afirma a delegadas.
Na casa do suspeito preso na quinta-feira, a polícia encontrou uma coleção de cadarços.