SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar oscilava pouco nesta sexta-feira (9) após a divulgação de dados de inflação no Brasil, que desacelerou 0,43% em abril, enquanto investidores aguardavam as discussões entre autoridades de Estados Unidos e China sobre negociações tarifárias.
Às 14h40, o dólar caía 0,12%, a R$ 5,6540. Na semana, a moeda acumula alta de 0,05%. No ano, porém, a divisa dos EUA acumula baixa de 8,37%. Nesta quinta-feira (8), o dólar fechou abaixo do patamar de R$ 5,70, recuando 1,43%, a R$ 5,661, interrompendo uma sequência de três altas consecutivas.
Já a Bolsa tinha uma alta discreta de 0,09%, a 136.357 pontos no mesmo horário, após ter ultrapassado o patamar de 137 mil pontos horas antes nesta sessão. As ações de Itaú e Renner estavam entre os principais destaques.
“Para hoje, a expectativa é que o dólar se mantenha próximo do patamar visto na sessão de ontem, oscilando entre 5,65 e 5,70. Pode ser que tenhamos algumas variações ao longo do dia, impulsionadas por indicadores econômicos e eventos internacionais que estão por vir”, disse Marcio Riauba, head da Mesa De Operações da StoneX Banco de Câmbio.
Na cena doméstica, o mercado nacional analisava dados para a inflação brasileira, com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informando que a inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), teve alta de 0,43% em abril, desacelerando em relação ao avanço de 0,56% em março.
Em 12 meses, o índice foi a 5,53%, ainda distante do teto de 4,5% da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central).
Em uma tentativa de conter os preços, a autoridade monetária promoveu um ciclo de aumento na taxa básica de juros, a Selic, que chegou nesta semana a 14,75% ao ano. É o maior nível em 19 anos.
O BC, porém, deixou em aberto seu próximo passo na reunião de junho. Economistas e analistas do mercado já aguardavam a alta e acreditam que isso abre possibilidades para o fim do ciclo de elevação dos juros, o que refletiu no otimismo dos investidores e no bom desempenho do mercado de câmbio e de ações na véspera.
A Bolsa fechou a sessão de quinta-feira (8) com um forte avanço de 2,12%, a 136.231 pontos. O destaque ficou para as ações do Bradesco, que subiram mais de 15% após resultado melhor do que o esperado no primeiro trimestre de 2025.
“O comunicado do Banco Central retirou o termo ‘ciclo’, indicando proximidade do fim do aperto monetário, o que suaviza parte do movimento, mas mantém o diferencial de juros em níveis historicamente altos”, afirma Bruno Botelho, especialista em câmbio da One Investimentos.
Paulo Silva, cofundador da Consultoria Advisory 360, afirmou que o comitê tomou a decisão acompanhada de um comunicado firme do Banco Central, reafirmando o compromisso de manter uma política monetária contracionista para controlar a inflação.
“Isso aumentou a confiança dos investidores, trazendo previsibilidade e reduzindo riscos”, diz Silva.
Os movimentos do real nesta sessão também ocorriam em meio à expectativa dos mercados globais pelo encontro entre autoridades dos EUA e da China no fim de semana, que pode reduzir as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, irão se reunir com o czar econômico da China, He Lifeng, na Suíça no sábado.
Na véspera, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse esperar negociações substanciais com a China e indicou que a tarifa de 145% sobre produtos chineses pode ser reduzida, acrescentando nesta sexta que uma taxa de 80% “parece correta”.
“A China deveria abrir seu mercado para os EUA – seria muito bom para eles!!! Mercados fechados não funcionam mais!!!”, disse Trump em uma postagem no Truth Social.
“Uma tarifa de 80% sobre a China parece correta. Depende de Scott B”, disse Trump.
Desde que assumiu o cargo em janeiro, Trump aumentou os impostos sobre as importações da China para 145%, além daqueles que ele impôs sobre muitos produtos chineses durante seu primeiro mandato e aqueles cobrados de Pequim pelo governo Biden.
A China revidou impondo restrições à exportação de alguns elementos de terras raras e aumentando as tarifas sobre os produtos dos EUA para 125%, além de taxas extras sobre produtos selecionados, incluindo soja e gás natural liquefeito.
“Isso tem favorecido as esperanças dos investidores de que talvez as tensões comerciais possam começar a ser reduzidas daqui para frente, com a possibilidade de acordos”, diz Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.