SANTOS, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Zé Rafael disse que pensou em se aposentar por causa das dores insuportáveis na coluna.

O QUE ACONTECEU

Zé jogou no sacrifício no Palmeiras em 2024. Ele terminou a temporada dizendo a pessoas próximas que, se 2025 fosse igual, ele pararia de atuar.

O acerto com o Santos veio, e Zé Rafael aceitou fazer uma cirurgia inédita na coluna. O meio-campista está recuperado e pode estrear contra o Ceará, segunda-feira, no Allianz Parque.

Zé Rafael vestiu a camisa 6 do Santos nesta sexta-feira (09) na sua apresentação oficial. Ele foi anunciado em fevereiro e custou cerca de R$ 15 milhões junto ao Palmeiras.

“Quando eu voltei esse ano, eu já tinha conversado com os médicos e falei que, se eu tivesse que passar pelo mesmo ano com as mesmas dores, eu pararia de jogar. Era uma dor insuportável, que me limitava muito, apesar de esconder muitas vezes. Fazia mesmo sofrendo. Era algo que me limitava muito, não apenas durante os treinos e jogos. O pior problema era conviver com a dor 24 horas. Isso mexeu muito com a minha parte psicológica. Ano passado foi extremamente desgastante. Depois da cirurgia, é vida nova. Como sempre fui. Buscar a minha condição física, técnica e mental para fazer com maior excelência possível”, disse o jogador.

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Negociação

“Vocês têm informação, não é novidade. Tudo aconteceu rapidamente. Iniciei o ano no Palmeiras, quando tive a oportunidade de sair vi com um bom desafio, um bom lugar para recomeçar. O clube me proporcionou tudo isso. Estou muito feliz de estar aqui. A recuperação foi muito boa. Tudo isso acontece pois a cirurgia foi um sucesso. Agradeço aos médicos que me operaram, equipe do Santos que foi fantástica, e um pouco de mérito a mim, que me dediquei muito para tudo voltar como era. A forma demora um pouco, não é tão natural quanto a gente gostaria, mas estou feliz e satisfeito. É o mais importante”.

Onde pode jogar? Estreia no Allianz

“Todas as funções do meio-campo, primeiro, segundo e terceiro. Vou trabalhar muito para evoluir da maneira mais rápida possível. Requer mais tempo, cuidado, é uma cirurgia nova, nenhum atleta da nossa modalidade fez até nesta sexta-feira (09). Tudo muito novo, estamos nos adaptando, todas as preparações possíveis para dar meu melhor rapidamente. Na parte tática, posso fazer primeiro homem, segundo, e com menos frequência o terceiro como era no Bahia há muitos anos. Devo ser mais utilizado como primeiro ou segundo homem, onde estou mais habituado e preparado”.

“É uma surpresa depois de tanto tempo fora voltar e ser lá talvez o meu primeiro jogo de estreia pelo Santos. Faz parte, é apenas algo que bateu. Estou preparado para jogar. Espero que seja em breve, não sei se segunda ou na próxima semana, mas estou me preparando para que seja o mais rápido possível”.

Momento difícil

“Sabia que era um projeto inicial, que seria um pouco mais difícil pela reestruturação vindo da Série B. O ano seguinte é mais pesado, muda nível de jogo, características, tudo é maior na Série A. Aceitei o desafio sabendo disso, estou me preparando e meus companheiros também. É um grupo que trabalha muito. Não estamos no lugar onde merecemos. É o futebol, faz parte, temos que trabalhar e continuar evoluindo para essa fase passar. Vou ajudar na minha experiência, estilo de jogo, da maneira que eu puder. Todos aqui remam para o mesmo lado. Vai ser um ano difícil. Se não der o 100%, as coisas não vão fluir como esperamos. Temos que nos preparar assim”.

Característica de preencher o campo inteiro

“O ano passado foi muito complicado, sofrido. Muita gente não sabia o que acontecia, nem eu sabia que era tão grave. Eu por característica optei por seguir. Nunca estamos 100%, mas essa lesão atrapalhou demais durante o ano, me impossibilitou de muita coisa. Diminuía meu nível, foi o ano que menos joguei em tempo e jogos. Mas ficou para trás. A cirurgia foi um recomeço, nesta sexta-feira (09) estou 100% sem dor. É recondicionamento, parte técnica e tática. Foram meses fora dos gramados, isso faz diferença enorme. A gente sente isso depois das férias com um mês, imagina com quatro ou cinco meses. Necessita um tempinho de paciência, recondicionamento, mas não vai ser um problema para mim. Sempre me dediquei muito. Não é idade ou cirurgia que me farão perder as características. Vou dar meu melhor para ajudar o Santos”.

Voltar no gramado sintético / diferença entre Pedro Caixinha e Cleber Xavier

“Muda um pouco o posicionamento, apesar de eu não trabalhar com o Caixinha. Era um característica de jogo diferente do que o professor Xavier nos mostra, muda um pouco na parte tática, mas nada que seja um jogo de sete cabeças. Tudo que já fizemos um dia no futebol, nada que seja novidade e precisamos nos adequar ao que o professor Xavier quer como equipe. Vamos pegar o estilo de jogo dele no dia a dia, que tem a cara dele, que sabe o que está fazendo. Joguei por vários e vários anos [no sintético], não posso dizer que é um problema. Se eu jogar, posso sentir um pouco por causa da adaptação. Quem não joga com frequência no Allianz sente, a gente vê isso com as lesões. Não acredito que isso vai acontecer comigo e com nenhum dos meus companheiros”.

Negociação travada / Neymar

“Eu já tinha aceitado o convite do Santos antes mesmo de saber que o Neymar estava vindo. Só ficaram sabendo que eu viria depois que ele chegou. Ele veio para o CT e eu já trabalhava aqui há alguns dias. Fico feliz que ele veio depois, espero que ele se recupere logo como tem feito, um grande trabalho de recuperação. Ele é uma referência, vai fazer total diferença quando estiver dentro de campo”.

Apoio enquanto esteve fora

“O professor Xavier chegou agora, na última semana, e eu já estava na transição, numa parte avançada da recuperação. Eles mostraram muito interesse em saber como eu estava, fico feliz por isso. Depois de tanto tempo fora é legal quando uma comissão chega e mostra interesse. Não quer dizer que vou ser titular em todos os jogos, mas mostraram que sabem do problema e que se importam com a resolução. Eles me dão apoio, condição de mostrar o que estou sentindo treino após treino. É um procedimento novo, nenhum atleta da nossa modalidade passou e requer mais cuidado. Estou me sentindo bem, me preparado dia após dia para antecipar os processos. Espero corresponder o professor Xavier da maneira que ele espera”.

Protagonismo no Santos

“Eu acredito que sim, ser protagonista faz parte do futebol. Em um dia é, outro dia deixa de ser. Vim na intenção de ajudar, resolvendo o jogo ou não, jogando muito ou pouco. Posso ajudar não só nossa equipe, mas também os meninos mais novos. Que precisam de carinho para ter a evolução esperada. Sentimos que podemos ajudar, evoluir de maneira gradativa. É o mais importante. JP, Bontempo, Hyan, Xavier, Luca, todos trabalham diariamente para evoluir e são bons meninos. Não podemos carregar eles de pressão. Os mais velhos servem para isso, para o peso ser retirado das costas dele e esteja mais sobre nós para que eles evoluam. Espero ajudar dessa forma e espero que eu consiga”.

Zé Rafael multicampeão chega em um Santos que não ganha há muito tempo / camisa 6

“O número foi por causa das poucas opções que sobraram. Mas estou feliz, é um novo número. Minha função nesta sexta-feira (09) em dia mudou um pouco esse número. A maioria dos times da Europa tem o camisa 6 como nosso camisa 5. Foi coincidência, última função que eu fiz. Não tem por que inventar, pegar número alto. É um número legal, que faz sentido para mim. Foi a minha escolha”.

“A nossa equipe tem bons jogadores, caras dedicados para alcançar os títulos. A gente às vezes esquece o quão competitivo é o nosso futebol, só uma equipe ganha por ano. É muito difícil ganhar, construir o que foi construído anos atrás. Só tem um vencedor por ano, vamos nos preparar, mudar algumas coisas como mentalidade, forma de trabalhar e se adequar, fazendo o que os campeões fazem, abrindo mão de algumas coisas. Requer sacrifício diferente. Nossa equipe está disposta a pagar, mas falta um pouco para virar essa chave. Em breve vamos colher frutos, a torcida santista voltará a sorrir e comemorar títulos, se Deus quiser”.

Pressão de resolver / recusas ao Santos no começo do ano

“O futebol é muito difícil, tudo é à base do resultado. É um pouco difícil, confesso que seria melhor voltar numa condição melhor na tabela, jogando de maneira mais confiante. Mas faz parte do processo, assim como a cirurgia. Voltar e ver a equipe dessa forma. Não emplacamos uma sequência de vitórias para retomar confiança, que é muito importante no futebol. Precisamos de resultados positivos para isso acontecer. Eu entro nessa disputa por vaga no meio-campo. É difícil chegar e assumir logo, muito tempo fora, os meninos estão bem também. Rincón, Pituca, João infelizmente fora agora e vinha jogando bem. O resultado não está vindo, mas quando vier a nossa equipe vai se comportar melhor, se soltar”.

“Isso não aconteceu. O primeiro contato foi no dia do Natal, uma conversa bem casual. Não teve nada de vai ou não vai, bem aberto. Um convite para começar a conversar. Essa recusa não teve. Depois disso, passando as férias, retomamos as conversas e acabou que logo depois disso eu aceitei vir para o Santos”.

Dores insuportáveis e aposentadoria

“Quando eu voltei esse ano, eu já tinha conversado com os médicos e falei que, se eu tivesse que passar pelo mesmo ano com as mesmas dores, eu pararia de jogar. Era uma dor insuportável, que me limitava muito, apesar de esconder muitas vezes. Fazia mesmo sofrendo. Era algo que me limitava muito, não apenas durante os treinos e jogos. O pior problema era conviver com a dor 24 horas. Isso mexeu muito com a minha parte psicológica. Ano passado foi extremamente desgastante. Depois da cirurgia, é vida nova. Como sempre fui. Buscar a minha condição física, técnica e mental para fazer com maior excelência possível”.

Mentalidade vencedora

“Eu acho que a equipe tem grandes jogadores, de qualidade, para jogar em alto nível. O que às vezes falta é acreditar em si próprio, no time. Isso tem que partir de cada um. Não adianta trazer um monte de cara que ganhou título por onde passou se alguns que não tiverem essa oportunidade não mudarem essa mentalidade. Agora vivencio o dia a dia e eles têm isso, são competitivos, treinam firme, se preparam. É uma questão de confiança de uma equipe que não tem a confiança para executar o melhor. Temos condição de alcançar algumas metas nesse ano como ir para a Libertadores, buscar uma vaga direta. Não posso ser hipócrita de dizer que vamos brigar pelo título pois estamos distante de quem vai brigar lá em cima, mas vamos dar a volta por cima e buscar grandes resultados. Estamos nesse caminho e, com a ajuda do professor Xavier, isso vai ficar mais acessível para nós”.