SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Tik Tok Shop chega ao Brasil para fazer o e-commerce tremer na base, Donald Trump ameaça, morde e assopra, tudo em questão de meses, e outros destaques do mercado nesta

**ELA CHEGOU**

Sabe aqueles itens vendidos por influencers que você fica morrendo de vontade de comprar? Agora, eles estarão a um clique de distância, graças à Tik Tok Shop, que foi liberada no Brasil ontem.

O quê? A loja foi uma sacada importante da rede social. Ela foi criada para facilitar as vendas dos artigos mostrados em propagandas por lá.

Através dela, os usuários podem fazer compras a partir de links nos vídeos postados, além de terem acesso a uma vitrine das varejistas instaladas no aplicativo.

↳ A facilidade fortalece a dinâmica entre influência e vendas nas redes sociais. Fica mais fácil para o consumidor comprar o que ele deseja (antes de perder o embalo) e mais lucrativo para as marcas usarem a plataforma como veículo de exposição.

Não é novidade. A função só chegou por aqui agora, mas já existia em outros países, como os EUA, México, Reino Unido, Alemanha, Espanha, França e Itália.

O Brasil é um dos maiores mercados globais do Tik Tok, por isso, não é de se admirar que a empresa lançasse o mecanismo aqui.

A função será liberada gradualmente aos usuários aqui. Algumas empresas já se preparam para atendê-los, entre elas as varejistas de moda C&A e Riachuelo, as marcas de cosméticos e beleza Natura, O Boticário e L’Oréal e a fabricante de eletrônicos Huawei.

O CASCALHO DE CADA UM

É claro que a rede social ganha um pouquinho sobre cada venda. Ela não revela, contudo, o percentual cobrado.

TREMENDO NA BASE

O e-commerce brasileiro pode começar a se preocupar com a fatia dele que será engolida pela loja.

A expectativa é que o TikTok Shop capture entre 5% e 9% do comércio eletrônico no país até 2028, segundo um relatório do Santander sobre o assunto.

Ela pode gerar até R$ 39 bilhões em volume bruto de mercadorias (GMV), com destaque para os segmentos de moda e beleza.

Hoje, o e-commerce brasileiro é dominado, com folga, pela argentina Mercado Livre, que detém 12% do tráfego, segundo a consultoria Conversion. Logo atrás vêm Shopee, Temu e Amazon, que ocupam de 7% a 8% cada.

A loja da plataforma coloca como desafio para as empresas consolidadas aprender a operar nas redes sociais. Por outro lado, os e-commerces maiores possuem uma estrutura de entrega e distribuição eficiente, o que a Tik Tok Shop não consegue oferecer, uma vez que só serve como agregadora de links.

**MANSINHO**

Será que cão que ladra não morde mesmo? Ao que parece, Donald Trump ameaçou, mordeu e agora está assoprando.

Nesta quinta-feira (8), o presidente anunciou um acordo comercial entre os Estados Unidos e o Reino Unido. É o primeiro desde que assustou o mundo com as tarifas unificadas, em 2 de abril. A intenção dele, aparentemente, é chegar a conclusões semelhantes com outros vizinhos.

CONCESSÕES

O plano foi pouco detalhado por Washington e Londres. O que foi dito até o momento é que as tarifas de 10% sobre os produtos britânicos continuam em vigor.

Segundo Howard Lutnick, secretário do comércio americano, haverá isenções ligadas aos automóveis, setor que recebe uma taxa de 25% imposta por Trump, além de aço e aviões.

“O Reino Unido poderá enviar 100 mil carros aos EUA e pagará uma tarifa de 10%”, disse Lutnick.

Autoridades inglesas afirmaram que tarifas sobre aço –também a 25% para o mundo– serão zeradas para o Reino Unido.

Os EUA vão ampliar em US$ 700 milhões as exportações de etanol e em US$ 250 milhões a venda de outros produtos agrícolas, como carne bovina.

↳ Entre as fabricantes de carros mais famosas do Reino Unido estão Rolls-Royce, Jaguar, Aston Martin, Land Rover e algumas divisões da BMW.

AGORA, O RESTO

O republicano quer convencer todos que ficaram de mal dele a imitarem os britânicos, chegando a acordos rápidos no calor do momento. É uma forma de usar o desespero para conseguir o que se quer.

O Brasil deve entrar na lista daqueles que desejam negociar um acordo, vontade que foi divulgada pelo Planalto. Para nós, o retorno das cotas para a exportação de aço e alumínio para os EUA isenta de tarifas seria um baita avanço.

O RIVAL MAIS DIFÍCIL

Representantes do governo americano se reunirão com os da China hoje. A expectativa dos dois países é sair com um acordo mais brando do que as atuais alíquotas determinadas: até 145% para produtos chineses que entrarem nos Estados Unidos e até 125% no movimento contrário.

Nenhum deles, contudo, parece chegar de peito aberto no encontro –os dois lados dizem querer um acordo “justo”, mas é provável que tenham visões diferentes do significado do adjetivo.

**CHEGA DE SOLIDARIEDADE?**

O bilionário fundador da Microsoft, Bill Gates, anunciou que vai encerrar sua fundação filantrópica, uma das mais famosas do mundo. Ser solidário saiu de moda?

NÃO É BEM ASSIM

O plano do empresário é acelerar as doações filantrópicas nos próximos 20 anos, dar tudo o que tinha para dar e encerrar completamente a fundação Gates em 2045, segundo o que disse em entrevista.

FIM DO EXPEDIENTE

Gates anunciou ontem seus planos de gastar praticamente toda a sua fortuna nos próximos 20 anos. Ele estima que o gasto deve ser de mais de US$ 200 bilhões (R$ 1,1 trilhão).

O destino da grana devem ser iniciativas em saúde global, desenvolvimento e educação segundo o próprio.

Se a promessa se cumprir, ele vai precisar pisar no acelerador com a gastança. A título de comparação, ele gastou a metade (US$ 100 bilhões, ou R$ 569 bilhões) nos 25 anos anteriores.

A lógica por trás…do plano ambicioso é garantir o máximo impacto, de acordo com o bilionário. Ele quer investir o maior montante possível em soluções objetivas, como erradicar a poliomielite e descobrir a cura do HIV.

“Isso nos dá clareza”, disse, completando que acredita fazer mais sentido gastar tudo com causas que considera importante do que gastar esforço e dinheiro para manter a fundação para sempre.

↳ Gates pretende passar menos de 1% de sua riqueza para seus filhos. Ele disse que era um defensor de um forte imposto sobre herança para evitar “riqueza dinástica” e de “tributação muito mais progressiva”.

O governo brasileiro também pensa em mudar a tributação de heranças e taxar os mais ricos. Entenda melhor o assunto.

“Antes que eu me esqueça”…Bill Gates usou o anúncio para tecer críticas a Elon Musk. Na verdade, “tecer críticas” foi um eufemismo. Ele descascou o colega bilionário.

As queixas foram direcionadas à atuação de Musk no Doge (sigla em inglês para Departamento de Eficiência Governamental), que ele chefia após ser nomeado por Trump para tal.

Seu dever lá era cortar os gastos do governo americano e, em nome do objetivo, ele fechou a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional, a USAID, um dos principais canais de filantropia do país.

O criador da Microsoft disse que a brusquidão dos cortes deixou alimentos e medicamentos que salvam vidas vencendo em armazéns e poderia causar o ressurgimento de doenças como sarampo, HIV e pólio.

“A imagem do homem mais rico do mundo matando as crianças mais pobres do mundo não é bonita”, disse ele ao Financial Times.

**PARA LER**

Economia do bem comum

Jean Tirole. Zahar. 552 páginas.

Dá para pensar em uma economia que não seja moldada ao bem de poucos, em detrimento da maioria? No mundo de hoje, parece improvável. Com algum otimismo, essa é a proposta audaciosa que Jean Tirole, vencedor do Nobel de economia, elabora no livro.

↳ Relembre quando e porque ele venceu o prêmio.

Para construir seu pensamento, costura questões do cotidiano com indicadores econômicos e o que eles podem dizer sobre o mundo em que vivemos. Tirando o pé da economia acadêmica, ele explica os temas de forma que possam ser entendidos pelo público geral.

A ideia é que você entenda o que os governantes e grandes empresários fazem e como isso afeta sua vida –sobretudo, como podemos usar a lógica do poder para melhorar a vida de todos.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Aos 45 do segundo tempo. A Gol está perto de ver a luz no fim do túnel. A companhia aérea fechou um acordo com o último credor que precisava e deve encerrar a recuperação judicial.

O tempo não volta atrás. Nem o preço do café, segundo o presidente da Illy. Ele acredita que o grão não deve voltar mais ao patamar anterior à disparada.

Um pouco menos desigual. É como está o Brasil recentemente, segundo pesquisa que você confere aqui.

Passa o boi, passa a boiada. Mesmo com taxas de 10% sobre a importação de produtos brasileiros para os EUA, o Brasil exportou 498% a mais de carne para o país.