SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O papa Leão 14, o americano Robert Prevost, se envolveu em um escândalo nos anos 1990 quando acolheu um padre acusado de abuso sexual de crianças nos Estados Unidos.
Prevost, que é membro da Ordem de Santo Agostinho, foi missionário no Peru nos anos 1980, e retornou aos EUA em 1998 para chefiar a organização agostiniana em Chicago, sua cidade natal. Dois anos depois, se envolveu em um escândalo por permitir que o padre James Ray, também agostiniano, morasse em um priorado em Chicago próximo a uma escola -o religioso havia sido acusado de abuso sexual de crianças.
A escola, também administrada pela Igreja Católica, não foi informada da presença de Ray no priorado. Antes de ser acolhido por Leão 14, Ray já havia sido proibido pela Igreja de ter contato com fiéis, uma vez que a instituição julgou que as acusações, que datavam de antes de 1991, eram críveis o bastante para justificar a medida.
Em resposta às críticas, a Ordem de Santo Agostinho disse na época que Ray foi monitorado por outro religioso enquanto estava hospedado no priorado. Em 2002, o padre foi enviado para outra residência depois que a conferência episcopal dos EUA adotou regras mais rígidas no trato com religiosos acusados de abusos.
O caso não atrapalhou a ascensão de Leão 14 na Igreja. Em 2001, ele foi eleito líder dos agostinianos dos EUA, uma posição que ocupou até 2007.
Quando voltou ao Peru, Prevost também foi acusado de acobertar um escândalo de abuso. Três freiras peruanas disseram que o novo papa ignorou denúncias que fizeram contra dois padres que teriam abusado delas sexualmente.
Na época, a diocese de Chiclayo, da qual Leão 14 foi bispo de 2015 a 2023, disse que não houve acobertamento e que Prevost havia aconselhado as religiosas a apresentar uma queixa à polícia, e que o processo canônico não foi adiante porque a acusação no Judiciário peruano foi arquivada devido ao prazo de prescrição -ou seja, tempo demais havia passado entre os fatos e a denúncia.
Além deste caso, Leão 14 teria arquivado denúncias contra dois padres peruanos por abuso sexual contra três crianças, também quando era bispo de Chiclayo. Os sacerdotes teriam abusado de três meninas numa casa paroquial da diocese, segundo o canal peruano TV América.