SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Bradesco deve entrar com força no novo crédito consignado privado apenas entre junho e julho deste ano, quando mais etapas de funcionamento do sistema estiverem funcionando.
“Acreditamos que vamos ter uma oportunidade de crescimento colossal do Bradesco quando isso estiver redondo”, disse Marcelo Noronha, presidente do banco, ao comentar o balanço da instituição referente ao primeiro trimestre deste ano, nesta quinta-feira (8).
Segundo o executivo, o início do programa de crédito, em 21 março, foi conturbado.
“Só entre o dia 16 e o dia 21 de abril é que as bases de quem [já] tinha crédito consignado subiram [no sistema do novo consignado]. Imagina a confusão”, afirmou Noronha.
A prioridade deste crédito é de quem já tinha um contrato vigente de consignado com o banco. No entanto, em 16 de maio, será possível fazer a portabilidade entre as instituições, de modo que o cliente possa contratar a de custo menor.
“Por isso que os bancos privados maiores não entraram [no novo consignado] acelerando ainda”, afirmou o CEO.
Segundo dados do Ministério do Trabalho referentes à 17h desta terça (6), o Crédito do Trabalhador teve R$ 10,1 bilhões de empréstimos aprovados para 1,8 milhão de trabalhadores com carteira assinada no país. A maior parte (R$ 2,7 bilhões) vem do Banco do Brasil.
A média dos empréstimos da linha alcança R$ 5.434,62 por contrato, com uma prestação média de R$ 327,28 num prazo de 17 meses.
A troca de dívida ajudou o programa a aumentar em R$ 2 bilhões o valor total de empréstimos liberados em apenas 11 dias. A migração de dívidas antigas (consignadas ou CDC) começou a ser possível em 25 de abril. No dia 16 de maio, começa a portabilidade, que permitirá ao trabalhador migrar a sua dívida antiga para outro banco que ofereça taxas de juros mais vantajosas.
A maior parte do volume de contratos do consignado do trabalhador concedidos vem de pequenos e médios bancos privados ou de bancos públicos. As grandes instituições têm feito a oferta deste novo produto para quem já é cliente.
“Obviamente a gente prioriza os clientes que têm relacionamento, porque aí é relacionamento de longo prazo, é um cliente que fica muito mais fiel, fica ligado à organização”, disse Noronha.
Em processo de reestruturação, o banco tem adotado mais cautela na hora de conceder empréstimos, priorizando os créditos com garantia, como o consignado e o imobiliário.
Como parte das mudanças em busca de melhores resultados financeiros, Noronha anunciou a contratação do novo diretor executivo jurídico da instituição, o advogado Julio Bueno, com 35 anos de carreira no escritório Pinheiro Neto Advogados.
A melhora nos resultados acelerou no primeiro trimestre de 2025, no qual o Bradesco teve um lucro líquido recorrente de R$ 5,9 bilhões, como divulgado pelo banco nesta quarta (7), um crescimento anual de 39,3% e trimestral, de 8,6%.
O número veio acima dos R$ 5,43 bilhões projetados por analistas consultados pela Bloomberg.
Com o resultado o ROAE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio), que mede a rentabilidade do banco, subiu para 14,4%, uma alta de 4,2 pontos percentuais em comparação ao início de 2024 e de 1,7 ponto percentual ante o quatro trimestre do ano passado.
Segundo Noronha, parte do resultado irá para os acionistas sob forma de JCP (juros sobre capital próprio).
“Vamos pagar todo o limite de JCP que a gente tem a condição de pagar para os acionistas esse ano”, disse o CEO.
RAIO-X | BRADESCO 1º TRI 2025
Fundação: 1943, em Marília (SP)
Lucro líquido: R$ 5,9 bilhões
Funcionários do conglomerado: 83.365
Agências: 2.284
Clientes do conglomerado: 73,5 milhões