SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Tão logo o papa Leão 14 foi anunciado no Vaticano como o novo líder da Igreja Católica, religiosos e instituições católicas se pronunciaram festejando o nome do cardeal americano Robert Francis Prevost, 69.
Em comunicado oficial, a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) saudou o novo pontífice destacando a “profunda alegria e gratidão a Deus” com que recebeu o sucessor do papa Francisco.
“O Brasil acolhe sua eleição com o coração aberto. Foram dias intensos de oração, em que todas as nossas comunidades se uniram para rezar pelo sufrágio da alma do papa Francisco, e depois dos novemdiales, pelo conclave, para que o Espírito Santo conduzisse o Colégio Cardinalício”, disse.
“Inspirados pelo exemplo dos santos missionários que aqui plantaram as sementes da fé, como são José de Anchieta, queremos caminhar em comunhão com seu ministério, com espírito sinodal e missionário, para fazer da Igreja cada vez mais uma casa de portas abertas, onde todos se sintam acolhidos, amados e valorizados, especialmente os pobres”, continuou a nota da CNBB, assinada por dom Ricardo Hoepers, bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília e secretário-geral da entidade.
À noite, o cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, se pronunciou pela primeira vez após o fim do conclave, do qual participou, e pediu orações pelo novo pontífice.
“Nós estamos muito felizes, porque a eleição transcorreu bem, em tempo muito breve, levamos menos de 24 horas, na quarta sessão de votação ele já foi eleito, aceitou e assumiu com o nome de Leão 14”, detalhou dom Odilo, destacando que o conclave ocorreu em clima de serenidade.
“Diferentemente do que alguém possa imaginar, no conclave nós rezamos, votamos e depois há as escrutinações. Não há campanha, discurso, propaganda, partido, nada disso. Cada cardeal vota de acordo com a própria consciência e, assim, nas votações, vai se chegando ao resultado, pouco a pouco. E foi o que aconteceu de maneira bastante rápida, sinal de que havia um consenso bastante grande em torno do nome do cardeal Prevost, que foi eleito como papa”.
A arquidiocese de São Paulo também festejou o novo papa. Segundo a circunscrição, o perfil missionário do novo líder da Igreja Católica é importantíssimo para o futuro da religião no mundo.
“Primeiro, viemos dar Graças a Deus pela eleição”, disse dom Cícero Alves de França. “Ele [Leão 14] é um missionário por excelência, viveu fora de sua terra natal, topou a miséria humana”, seguiu o bispo auxiliar.
Esse perfil, segundo a arquidiocese, é imprescindível para a catolicidade da Igreja no mundo.
O papa eleito já esteve em Campinas em 2008, para celebrar uma missa na paróquia Santo Antônio. E em São Paulo, no dia 3 de dezembro de 2012, quando celebrou uma missa na paróquia São Carlos Borromeu, em Belém, bairro da zona norte da capital.
Dom Cícero diz que, por isso, o líder tem conhecimento da realidade brasileira e “proximidade” com o país.
A circunscrição também elogiou o discurso do papa nesta tarde, no Vaticano. Ele fez questão de citar a pequena paróquia onde serviu por anos, no Peru. “Isso mostra que o papa é para todos, sobretudo aos mais pobres. Foi muito simbólico”, disse dom Cícero.
Pelas redes sociais, o padre Marcelo Rossi escreveu “Bem-vindo papa Leão 14”, destacando uma frase dita pelo pontífice em sua primeira declaração: “Vamos construir pontes”.
O padre Julio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, também postou uma imagem de Leão 14 com a frase “Viva o papa!”.
Já o padre Fábio de Mello citou os desafios que esperam o novo papa: “Seja bem-vindo, papa Leão 14! Os desafios que o esperam já estão nas mãos Daquele que o elegeu”.
O padre Adriano Zandoná, da emissora Canção Nova, postou “Habemus Papam!”, destacando que ele saudou os fiéis pela primeira vez como o 267º sucessor de são Pedro.
A irmã Jeane Bellini, secretária da diretoria da Comissão Pastoral da Terra, disse ter ficado muito contente tanto com as declarações do papa quanto com o nome que ele escolheu.
“Me veio logo a lembrança do papa Leão 13, que escreveu a encíclica ‘Rerum Novarum’ na época em que o mundo do trabalho estava sofrendo o impacto da industrialização, com a situação desumana dos trabalhadores nas fábricas na Revolução Industrial. Para mim, é muito significante escolher o nome desse papa”, diz a irmã Bellini à Folha, lembrando do tempo em que Leão 14 trabalhou no Peru.
“Ele passou 20 anos no Peru. Com certeza, a experiência dele lá alargou sua visão do mundo, e sua convivência do mundo simples do interior do Peru com certeza influenciou o jeito de ele olhar a igreja. Por isso ele destacou os elementos do papado de Francisco, de se lembrar dos pobres e também do diálogo. Para a CPT, que é uma pastoral social, muito próxima do povo do campo, ter um papa que vai incentivar esse aspecto com o povo muitas vezes marginalizado é muito importante”, finalizou.
Nas redes sociais, a Pastoral Carcerária também acolheu o novo papa com fé e esperança, dizendo rezar “para que seu pontificado seja marcado pela escuta dos pobres, pelo compromisso com a justiça e pela misericórdia que liberta”.
“Que o Espírito Santo o ilumine na missão de anunciar o Evangelho, especialmente aos mais esquecidos e marginalizados, entre eles a população encarcerada e seus familiares”, diz a nota da pastoral.