SÃO PAULO, SP, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O percentual de brasileiros que receberam recursos de programas sociais do governo cresceu em 2024, alcançando patamar que fica abaixo apenas do registrado durante a pandemia.
Também houve aumento na proporção de domicílios com pessoas que receberam transferências como o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e outros benefícios, que podem incluir o Pé-de-Meia e os auxílios temporários a pessoas atingidas por eventos climáticos na região Norte e no Rio Grande do Sul.
De acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a proporção da população com rendimento de programas sociais do governo subiu de 8,6% em 2023 para 9,2% no ano passado.
O novo percentual só perde para o período de 2020 (13%) e 2021 (9,5%), marcado pelo auxílio emergencial na pandemia. A série histórica começou em 2012, quando a proporção era de 6,3%.
No Norte e no Nordeste, a parcela de habitantes contemplados pelos programas chegou a 13,5% e a 15,7%, respectivamente, em 2024. O Sul teve o menor percentual de pessoas que recebiam rendimento de programas sociais do governo (4,6%).
O valor médio de quem tinha alguma dessas transferências ficou em R$ 836 no país, recorde da série, com aumento de 2,2% no ano e de 72,7% desde 2019.
Os dados fazem parte da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua: Rendimento de Todas as Fontes 2024.
A pesquisa também mostra que a participação do BPC avançou de 4,2% dos domicílios em 2023 para 5% no último ano, atingindo patamar recorde da série. Nesse período, o percentual de domicílios que receberam o benefício dobrou.
Já o percentual de lares com beneficiários do Bolsa Família passou de 19% em 2023 para 18,7% em 2024. Antes da pandemia, em 2019, a proporção era de 14,3% do total de domicílios. Esse indicador varia de 4,4% em Santa Catarina a 41,3% no Maranhão, chegando a 8,9% em São Paulo.
Apesar da queda no percentual no Brasil, houve aumento em termos absolutos, com o número de lares contemplados pelo Bolsa Família passando de 14,7 milhões em 2023 para 14,8 milhões em 2024.
Os outros programas sociais do governo complementaram a renda em 2,1% dos domicílios brasileiros no ano passado, ante 1,4% no ano anterior. O novo valor só perde para os 23,7% e os 15,4% alcançados com o pagamento do auxílio emergencial da pandemia em 2020 e 2021.
Entre os outros programas, o IBGE citou o Pé-de-Meia, auxílio federal que paga bolsas e uma poupança para manter alunos pobres no ensino médio, e os auxílios temporários a pessoas atingidas por eventos climáticos em 2024.
“Em relação a 2023, não é o Bolsa Família [que puxou o aumento nos lares com programas sociais]. A gente observou uma variação principalmente no BPC-Loas e em outros programas sociais”, disse Gustavo Geaquinto Fontes, analista da pesquisa do IBGE.
No ano passado, a renda média mensal per capita dos lares com Bolsa Família alcançou R$ 717, aumento de 8,1% no ano e de 53,9% desde 2019, em valores corrigidos pela inflação. Essa renda corresponde a menos de 30% do valor recebido nas residências não contempladas pelo programa (R$ 2.424).
O valor médio per capita nos domicílios em que alguém recebeu o BPC foi de R$ 1.167. Para o dos demais programas, ficou em R$ 874.
O IBGE afirma que o crescimento acumulado da renda dos domicílios beneficiados pelo Bolsa Família pode ser explicado, em parte, pelo reajuste do valor médio, sobretudo, nos anos de 2022 e 2023.
“Outros fatores também podem ter contribuído, como o bom desempenho do mercado de trabalho nos últimos anos e o expressivo crescimento do rendimento médio do trabalho nas classes de menores rendimentos da população ocupada, nesse período”, diz o IBGE. O programa não é necessariamente a única renda desses domicílios.