SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os fiéis que estão na praça São Pedro, no Vaticano, esperam da chaminé instalada na Capela Sistina o sinal de que um novo papa foi eleito. A fumaça preta indica votações inconclusivas dos 133 cardeais reunidos no local, enquanto a branca anuncia ao mundo que o pontífice foi escolhido.
A tradição da fumaça remonta ao século 19, quando os conclaves ocorriam no Palácio do Quirinal, prédio construído a 2,7 quilômetros da Basílica de São Pedro entre 1574 e 1585 e atualmente residência do presidente italiano.
De acordo com o New York Times, Frederic J. Baumgartner, professor de história do Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia (EUA) e autor de “Por Trás das Portas Trancadas”, livro de 2003 sobre os conclaves, afirma que a primeira evidência que de uso da fumaça como sinal em uma eleição papal foi em 1823.
Era uma forma de se comunicar com o mundo exterior em um processo realizado a portas fechadas a exigência de completo sigilo está prevista no Ubi Periculum, documento promulgado pelo papa Gregório 10, em 1274, que descreve regras do conclave.
No século 19, a existência da fumaça na hora da votação era uma indicação de que as cédulas haviam sido queimadas e o papa não havia sido eleito. Se não houvesse fumaça, o conclave tinha escolhido um pontífice.
Baumgartner afirma que a mudança para a fumaça preta ou branca para avisar os fiéis sobre o andamento das votações começou em 1914, no conclave que elegeu Bento 15.
Até 1958, porém, a fumaça era feita da forma tradicional, acrescentando palha úmida às cédulas de votação queimadas. No conclave daquele ano, que elegeu o papa João 23, houve diversos alarmes falsos, aparentemente porque a palha não pegou fogo.
“Dezenas de jornalistas na praça correram para o telefone mais próximo”, afirmou um jornalista do jornal americano The New York Times na época. Segundo ele, convidados de um casamento dentro da basílica saíram correndo, “deixando a noiva e o noivo sozinhos diante de um padre no altar”.
A confusão levou o Vaticano a procurar um sistema com o uso de produtos químicos pela primeira vez nos dois conclaves de 1978 o de agosto, que elegeu o papa João Paulo 1º, e o de outubro, que elegeu o papa João Paulo 2º após a morte repentina do antecessor, 33 dias após o início de seu pontificado.
O método, porém, também era impreciso, e muitas vezes a fumaça branca se tornava preta, deixando repórteres e fiéis confusos. O atual sistema seria utilizado somente em 2005, quando João Paulo 2º, que teve um dos papados mais longos da história, morreu.
De acordo com o New York Times, o especialista em fogos de artifício Massimiliano De Sanctis personalizou uma de suas máquinas de fogos de artifício para o Vaticano. O equipamento foi usado também no conclave de 2013 que elegeu Francisco, morto no final de abril. “Não inventamos nada novo”, afirmou ele ao jornal. “É o sistema usado para fogos de artifício.”
Para produzir a tonalidade branca, usam-se cartuchos que contêm um composto com lactose; para a preta, o recipiente leva naftalina.