SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Haddad tem que dar mais do que isenção de impostos para atrair data center, BC aumenta Selic sem dó e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (8).

**QUERO MAIS…**

Há um novo “business” para os milhares de galpões abandonados por aí: os data centers, locais cheios de poderosos computadores que processam e armazenam dados de tecnologia, podem ocupar esses espaços.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, viu aí uma oportunidade de atrair empresas do mundo tech para cá. Elas, no entanto, informaram que é preciso mais do que um espaço vazio para fazer a coisa funcionar.

UMA AJUDINHA

O chefe da pasta econômica anunciou na segunda-feira (5) uma isenção nos impostos para compra de equipamentos de computação usados em data centers.

Ele vê a situação de conflito na economia mundial como “uma oportunidade para o Brasil fazer valer sua diplomacia comercial e obter vantagens bilaterais.” A estratégia do governo será manter canais de comércio com os três grandes blocos: Estados Unidos, China e Europa.

Hoje, o Brasil importa 70% dos serviços em TI (Tecnologia da Informação).

“O país detém as melhores vantagens competitivas em termos de data center… já temos o cabeamento, o melhor vento, a melhor insolação da região”, declarou.

A ideia é instalar esses galpões perto de fontes de energia limpa e aliar as duas bandeiras –uma vez que as máquinas dentro deles usam muita, mas muita energia elétrica para manter tudo funcionando.

PÁREO DURO

Os brasileiros têm um rival poderoso no interesse pela área: os americanos. É do interesse do presidente Trump trazer e manter todo o funcionamento das companhias de inovação para seu país. Ele já conseguiu acordos com a Nvidia e a Microsoft.

FALTA COMBUSTÍVEL

A isenção não basta para tornar o Brasil atrativo, segundo Mehdi Paryavi, presidente da IDCA (Autoridade Internacional de Data Centers).

De acordo com o executivo, o país precisa construir uma imagem de “potência digital”, promovendo políticas de fomento ao investimento, com um portfólio claro dos recursos energéticos disponíveis e garantindo um arcabouço legal flexível e seguro para os negócios digitais.

**FESTA DOS JUROS**

Ontem, Brasil, Estados Unidos e China determinaram quais serão as taxas básicas de juros que vão reger a política monetária pelo próximo mês e pouco. Saber um pouco sobre o que levou a essas escolhas pode ser útil para ler o cenário econômico como um todo.

EM CASA

Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) seguiu o plano desenhado na última reunião em março e aumentou a taxa em 0,5 ponto percentual –um ritmo menor que o 1 p.p. que foi praticado nas duas decisões anteriores.

Isso significa que a Selic está em 14,75%, o maior nível para a taxa referencial em quase 20 anos.

CEGO EM TIROTEIO

A avaliação do BC é de que, diante da incerteza sobre quase tudo na economia global, é mais seguro adotar uma política monetária austera para (tentar) convergir com a meta da inflação –3%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.

A coisa está tão instável que o colegiado não deu pistas sobre os próximos passos. Ainda falou em flexibilidade e cautela.

“[O cenário] demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, escreveu.

VIZINHO DE CIMA

O Federal Reserve, banco central americano, manteve a taxa de juros na faixa de 4,25% a 4,50% pela terceira vez consecutiva. A decisão foi tomada de forma unânime pelo Fomc, o conselho de política monetária.

Mas…o presidente, Donald Trump, ficou descontente. Ele pressionou publicamente o líder do Fed, Jerome Powell, repetidas vezes para reduzir a taxa referencial. A autarquia afirma precisar enxergar um rumo mais claro para a economia nacional antes de mexer com ela.

O chefe da Casa Branca quer juros mais baixos para estimular o consumo. Quando eles estão altos, o crédito e outras formas de empréstimo encarecem.

Se as expectativas do mercado estiverem corretas, as tarifas impostas por ele devem aumentar a inflação. Com o nível dos preços mais alto e sem acesso ao crédito, a tendência é que a economia desacelere bastante.

DO OUTRO LADO DO MUNDO…

Rrolou corte na taxa básica de juros. A China reduziu-a para 1,4%, além de anunciar uma série de incentivos para o sistema bancário. O BC de lá vai injetar 1 trilhão de renminbi (R$ 800 bilhões) em liquidez de longo prazo.

**NA HORA CERTA, NO LUGAR ERRADO**

Você já falou algo em uma roda de pessoas e, em seguida, percebeu que todos ficaram em silêncio? Esta, talvez, esteja entre as situações mais constrangedoras de viver em sociedade. Alguns usuários do X estão se sentindo assim. Explico aqui.

GRITO DE INDEPENDÊNCIA?

Quando Elon Musk comprou o Twitter e transformou-o no X em 2022, ele prometeu criar um refúgio para a liberdade de expressão e se autodenominou um “absolutista da liberdade de expressão”.

Mas…críticos temiam que o bilionário usasse seu controle sobre o aplicativo para escolher seus favoritos, ampliando vozes que ele admirava enquanto suprimia pessoas ou tópicos que ele detestava.

VIRADA

A parte inesperada é que algumas das vozes que têm sido silenciadas recentemente falam estão mais alinhadas no espectro político aos posicionamentos de Musk do que o que era previsto.

O jornal New York Times monitorou três usuários de extrema-direita no X —Anastasia Maria Loupis, Laura Loomer e Owen Shroyer— que se desentenderam com Musk em dezembro, apenas para ver o alcance que tinham na plataforma social praticamente desaparecer da noite para o dia.

FALANDO COM AS PAREDES

As contas são os sinais mais evidentes até agora de que Musk ou outros na empresa têm o poder de punir críticos e que podem estar dispostos a usá-lo, assustando defensores da liberdade de expressão.

Não dá para saber exatamente o que aconteceu com as contas dos três dissidentes para que seus posts não fossem entregues. Como em qualquer rede social, os algoritmos que controlam a distribuição de uma publicação –e os dados que alimentam essas decisões– são impossíveis de serem examinados por pessoas de fora.

PISTAS

O dono da rede social não fez questão de esconder os vestígios daquilo que os usuários chamam de “shadow banning” –consiste em não bloquear ou excluir alguém da plataforma, mas sim podar muito o alcance que certas pessoas têm lá.

Em seu perfil, ele escreveu que, se contas poderosas bloqueassem ou silenciassem outras, suas abrangências seriam limitadas.

** SUJO E O MAL LAVADO**

É possível prever uma briga de gigantes no mundo das big techs. Isso porque a Apple estuda substituir o Google como site de busca padrão do navegador Safari por serviços de busca por IA, abrindo as portas para outras empresas, como a OpenAI, Perplexity e Anthropic.

SINAIS

O mercado financeiro interpretou a fala como um indicativo do que poderia vir a ser a obsolescência de ferramentas como o Google frente aos chatbots e outras formas de IA.

As ações da Alphabet, controladora do site de buscas, despencaram mais de 8% na Nasdaq, a bolsa americana que reúne empresas de tecnologia.

Eddy Cue, vice-presidente de serviços da companhia da maçã, revelou que as pesquisas no navegador Safari caíram em abril pela primeira vez em 20 anos, o que ele atribuiu ao aumento do uso de IA pelos usuários –sem apresentar outros números que embasassem o palpite.

OLHA QUEM FALA

Uma curiosidade sobre a fala é que a Apple, empresa que, sem querer querendo, chamou o Google de ultrapassado, é percebida como uma das mais atrasadas entre as “big techs” no desenvolvimento da inteligência artificial em seus produtos.

A oferta de smartphones com recursos desse tipo de tecnologia é maior em rivais como a própria Alphabet e a Amazon.

A companhia admitiu que “levaria mais tempo do que pensava” para entregar os recursos mencionados no ano passado, quando revelou o “Apple Intelligence”, um esforço para infundir seus produtos com IA generativa.

NA PANELA

Outro fato insólito sobre esse diálogo é o fato de ele ter acontecido no tribunal. Cue, executivo da Apple, testemunhava no caso antitruste do Departamento de Justiça dos EUA contra a Alphabet, que determinará se a empresa abusou ou não de sua posição em buscas online.

O Google paga à Apple cerca de US$ 20 bilhões todos os anos, ou cerca de 36% de sua receita de publicidade para ser o mecanismo de busca padrão em iPhones.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Os bons companheiros. Para a alegria de Donald Trump, Maduro e Putin assinaram um acordo de parceria entre Venezuela e Rússia na exploração do petróleo e em iniciativas conjuntas na Opep+.

O buraco é mais embaixo. Não bastasse ser chamado de “Careca do INSS”, a polícia ainda achou documentos que o ligam a ex-diretores do órgão.

Me dá um dinheiro aí. Precisando de dinheiro para bancar as obras de rodovias, o governo negocia um empréstimo de R$ 2,87 bilhões com o BID.

Azarão. O sucessor de Warren Buffett na principal cadeira da Berkshire Hathaway é um cara discreto e sem muitas ações da empresa. Saiba quem ele é.