SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Bombardeios atribuídos a Israel por profissionais de saúde da Faixa de Gaza mataram pelo menos 48 pessoas nesta quarta-feira (7) no território palestino, de acordo com relatos à agência de notícias Reuters, que não puderam ser verificados de forma independente.
Segundo os paramédicos, um ataque aéreo israelense contra uma escola que abrigava palestinos deslocados matou 15 pessoas, enquanto outro bombardeio de Tel Aviv atingiu um mercado a céu aberto, matando outros 33 palestinos -entre eles, mulheres e crianças.
O governo de Israel não se pronunciou sobre os ataques. Imagens em redes sociais postadas após o ataque no mercado mostram dezenas de pessoas mortas e uma rua tomada por poças de sangue.
Na terça, um ataque contra um campo de deslocados no centro da Faixa de Gaza cuja autoria foi reconhecida por Israel havia matado pelo menos 33 pessoas, de acordo com autoridades de saúde locais ligadas ao Hamas. Tel Aviv disse que o ataque tinha como alvo um centro de comando do grupo terrorista e não informou o número de vítimas.
Imagens capturadas pela agência de notícias AFP dos ataques desta quarta mostram crianças feridas chorando, enquanto corpos envoltos em cobertores chegam de ambulância ao hospital Nasser.
“Eles estavam dormindo quando a casa desabou sobre eles”, disse Abir Shehab, que perdeu seu irmão naquele bombardeio. “Estamos morrendo de fome, estamos morrendo de guerra, estamos morrendo de medo, estamos morrendo de tudo, e o mundo inteiro continua nos assistindo morrer enquanto eles vivem suas vidas normalmente.”
A Faixa de Gaza está sob cerco completo por parte de Israel há mais de dois meses, e os níveis de fome atingem níveis catastróficos, de acordo com a ONU. Nesta quarta, a ONG americana World Central Kitchen disse não ter mais capacidade de trabalhar no local porque a comida acabou e Israel proíbe a entrada de mais.
“Depois de servir mais de 130 milhões de refeições e preparar 26 milhões de pães ao longo de 18 meses, a World Central Kitchen não tem mais comida para preparar refeições ou fazer pão em Gaza”, disse a ONG em nota. A entidade acrescentou que tem caminhões com suprimentos prontos para entrar no território desde março.
Os ataques desta quarta acontecem em meio ao anúncio do governo Binyamin Netanyahu de que pretende conquistar por completo a Faixa de Gaza e realizar a remoção forçada da sua população, uma hipótese que, se confirmada, configuraria limpeza étnica. Netanyahu falou em uma fase intensificada da guerra, e Israel convocou dezenas de milhares de reservistas.
Também nesta quarta, o Hamas confirmou a morte de um de seus dirigentes em um ataque aéreo realizado por Israel com drones na cidade de Saida, no sul do Líbano. O Exército israelense assumiu a autoria e afirmou que o alvo da ofensiva era um comandante do grupo.
Em nota, o Hamas identificou o dirigente como Khaled al-Ahmad e afirmou que ele foi atingido “enquanto se dirigia à oração do amanhecer”. O ataque ocorreu apesar de um cessar-fogo alcançado no final de novembro do ano passado, após dois meses de guerra entre Israel e o grupo radical Hezbollah, aliado do Hamas.
As hostilidades no Líbano começaram quando o Hezbollah abriu uma nova frente com Israel em solidariedade ao Hamas no início da guerra na Faixa de Gaza, como consequência do ataque terrorista ao território israelense em 7 de outubro de 2023.
Em setembro de 2024, o conflito no Líbano se intensificou, resultando em mais de 4.000 mortos e forçando mais de um milhão de pessoas a fugir. Do lado israelense, 78 mortes foram registradas, incluindo 48 soldados, além de 56 militares mortos durante uma ofensiva terrestre no Líbano.
Aproximadamente 60 mil residentes do norte de Israel foram deslocados, e metade ainda não retornou às suas casas, conforme dados oficiais. Apesar do cessar-fogo de novembro e da retirada incompleta dos soldados israelenses do sul do Líbano em 15 de fevereiro, Israel continua realizando ataques em território libanês, e ambas as partes se acusam regularmente de violar a trégua.
O ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 matou 1.218 pessoas do lado israelense, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 58 permanecem detidas em Gaza, das quais 34 foram declaradas mortas pelo Exército israelense. O Hamas também mantém o corpo de um soldado israelense morto em uma guerra anterior em Gaza em 2014.
A campanha de retaliação israelense deixou pelo menos 52.653 mortos na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.