RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – O médico Luiz Antonio Garnica, 38, e sua mãe, Elizabete Arrabaça, 67, foram presos em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) sob a suspeita de participação na morte por envenenamento da professora Larissa Talle Leôncio Rodrigues, 37, esposa do profissional de saúde. A defesa nega e afirma que a detenção é ilegal.

Larissa morreu em março, e um exame toxicológico apontou a presença de chumbinho no corpo da vítima. O médico foi preso na terça-feira (6) numa clínica e levado à cadeia pública de Santa Rosa de Viterbo, enquanto sua mãe foi detida no Jardim Irajá, zona sul de Ribeirão. Ela passou mal e foi levada a um hospital privado -teve alta e deverá ir para uma prisão.

A detenção de ambos é temporária, com prazo de 30 dias, conforme a polícia.

A polícia de Ribeirão também vai solicitar exames para investigar a morte de uma irmã do médico, Natália Garnica, 42, ocorrida em fevereiro com características consideradas semelhantes.

O delegado Fernando Bravo, que investiga o caso, afirmou em coletiva que a participação do médico ficou evidente pela forma como ele agiu.

“Ficou evidente para nós, pela forma que ele encontrou a Larissa, ela já estava com rigidez cadavérica. Ele tentava limpar o apartamento como se fosse tentar se desfazer de provas, para a perícia técnica não detectar alguma prova contra ele. Isso nos deu segurança para pedir a prisão dos dois”, disse.

Guardas-civis metropolitanos foram no dia 22 de março ao apartamento do casal, no Jardim Botânico, na zona sul de Ribeirão, após o médico afirmar ter encontrado a mulher caída no banheiro ao chegar em casa. Ele disse em depoimento que, ao ver a cena, a colocou na cama para tentar reanimá-la.

Acionado, o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) constatou que a professora estava morta.

Smartphones e notebooks apreendidos na última semana serão analisados para tentar descobrir a motivação do suposto crime.

Na noite anterior à morte, o médico estava no imóvel de uma estudante com quem mantinha um relacionamento havia mais de um ano, segundo depoimento dela à polícia. Ela também é investigada e teve seu telefone celular apreendido.

O delegado afirmou que a investigação apontou haver indícios de que o veneno foi administrado aos poucos para Larissa e que isso tem elo com a sogra.

“Ela relatou inclusive para algumas amigas que toda vez que a sogra saía de casa ela passava mal, teve diarreia, então teve alguns sintomas que já estavam indicando, hoje a gente percebe, o envenenamento”, disse na coletiva.

INFARTO DA IRMÃ

A Polícia Civil de Ribeirão Preto vai solicitar também a realização de exames no corpo de Natália Garnica, irmã do médico, que morreu vítima de infarto em fevereiro.

A intenção, conforme o delegado, é esclarecer se a morte teve ligação ou não com envenenamento, dadas as características que cercaram o óbito.

“A forma foi semelhante, a mãe ligou para o médico, que foi lá e fez massagem cardíaca. Foi muito semelhante. Porém nós não podemos falar que houve homicídio ou não sem a análise técnica da prova, que vai ser esclarecida através de laudo pericial.”

PRISÃO É ILEGAL, AFIRMA DEFESA

O advogado Júlio Mossin, defensor do médico, afirmou que ainda não teve acesso aos autos e que seu cliente é inocente.

De acordo com o advogado, Garnica não matou a esposa nem concorreu para que isso ocorresse e a prisão do médico é ilegal.

No dia seguinte à morte da professora -e nos dias que se sucederam-, Garnica postou mensagens numa rede social homenageando a mulher.

“Te amo onde quer que você esteja, saiba que você me fez o homem mais querido, mais feliz e mais amado do mundo e quero ser para você sempre o seu melhor amigo, namorado, marido, companheiro, o amor da sua vida toda, assim como você é da minha. Te amo”, diz trecho da mensagem.

Ao deixar a delegacia nesta quarta para ser levada à audiência de custódia, a mãe do médico afirmou também ser inocente. “Não tenho culpa de nada, gente, para com isso, é pecado.”