Da Redação

Escondida entre as paisagens montanhosas de Cocalzinho de Goiás, existe uma maravilha subterrânea pouco conhecida do grande público: a Caverna dos Ecos. Esculpida em micaxisto — um tipo de rocha metamórfica rara —, ela é considerada a maior do Brasil em sua categoria e guarda, em silêncio absoluto, o maior lago subterrâneo da América Latina dentro dessa formação geológica. O local é tão sensível que só pode ser visitado com guias autorizados e credenciados, devido à sua fragilidade ambiental e ao difícil acesso.

Embora tenha ganhado visibilidade nacional na década de 1970, graças ao trabalho da comunidade espeleológica, a caverna já fazia parte do imaginário dos moradores locais muito antes disso. Por anos, foi explorada de forma desordenada, especialmente entre os anos 80 e 90. Mas em 2001, após alertas de especialistas sobre os danos provocados pelo turismo sem controle, o acesso ao público foi interrompido. A decisão levou em conta tanto os riscos à biodiversidade quanto os desafios físicos da caverna, como aclives íngremes e umidade extrema.

Hoje, qualquer atividade no interior da Caverna dos Ecos depende da autorização de órgãos ambientais e da presença de guias especializados. Um plano de manejo, ainda em elaboração, será crucial para definir o futuro do turismo na área. Enquanto isso, o ambiente respira em relativa paz — e isso é uma boa notícia para espécies ameaçadas que ali vivem.

Entre os moradores mais discretos da caverna está o morceguinho-do-Cerrado, uma espécie em risco de extinção que tem no micaxisto seu habitat exclusivo. Sem a presença humana descontrolada, sua chance de sobrevivência cresce. Afinal, o turismo sem critérios é uma das maiores ameaças aos ecossistemas frágeis, como alertam os especialistas.

Com salões grandiosos e águas incrivelmente cristalinas, a Caverna dos Ecos impressiona pela combinação de beleza cênica e valor geológico. O lago subterrâneo, em certos trechos, atinge até 9 metros de profundidade, tornando o espaço um campo fértil para a pesquisa científica e um refúgio de paz para espécies únicas do Cerrado.

Mas a riqueza natural da região não termina ali. Cocalzinho de Goiás, cidade que abriga essa joia escondida, é cercada por rios de águas claras — como o Corumbá, o Verde e o Areias —, que formam quedas d’água deslumbrantes, como as cachoeiras do Pedro Belo, Caiapós e Morrinho dos Pireneus. O cenário se completa com um relevo acidentado, cheio de serras e grutas, que transformam o município em um paraíso para aventureiros.

Não por acaso, parte da Serra dos Pireneus — maior formação montanhosa entre as bacias dos rios Amazonas e Paraná — também está ali. Revestida pelo típico Cerrado, ela oferece trilhas, mirantes e um dos panoramas mais incríveis do Centro-Oeste. Um lugar onde a natureza fala mais alto — e onde o silêncio da caverna esconde um dos maiores espetáculos subterrâneos do país.