SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em baixa nesta quarta-feira (7), mas inverteu o sinal e passou a subir, a medida que investidores reagem a uma possível diminuição das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, e aguardam as decisões da “superquarta”, conhecida no mercado como a data em que o BC (Banco Central) e o Fed (Federal Reserve, Banco Central dos Estados Unidos) anunciam no mesmo dia as novas taxas de juros.

Às 15h17, o dólar subia 0,67%, a R$ 5,748. Nesta terça-feira (6), véspera de decisões sobre os juros no Brasil e Estados Unidos, o dólar fechou novamente acima do patamar de R$ 5,70, com alta de 0,36%, cotado a R$ 5,710. No ano, porém, a divisa acumula baixa de 7,56%.

No mesmo horário, a Bolsa tinha queda de 0,22%, a 133.216 pontos, após ter encerrado perto do zero a zero na terça, quando subiu 0,01%, a 133.515 pontos.

A falta de detalhes sobre possíveis acordos nas tarifas do presidente Donald Trump tem trazido impaciência entre os investidores.

O Ministério das Relações Exteriores da China anunciou em Pequim, no início da manhã desta quarta (7), noite de terça no Brasil, que o vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng visitará a Suíça de 9 a 12 de maio para “conversas com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos”, Scott Bessent.

A expectativa é que as autoridades possam dar o primeiro passo para reduzir as tensões comerciais.

Além das tarifas, o mercado monitora as decisões de bancos centrais pelo mundo sobre taxas de juros. O destaque é o anúncio do Fed nesta quarta-feira, que decidiu manter a taxa de juros inalterada.

A autoridade disse que os riscos de aumento da inflação e do desemprego cresceram, obscurecendo ainda mais as perspectivas econômicas, à medida que o banco central dos Estados Unidos enfrenta o impacto das políticas tarifárias do governo Trump.

A economia em geral “continuou se expandindo em um ritmo sólido”, disse o Fed na declaração de política monetária, atribuindo uma queda na produção do primeiro trimestre ao recorde de importações, uma vez que as empresas e as famílias buscaram se antecipar às novas taxas de importação.

O mercado de trabalho também permaneceu “sólido” e a inflação ainda está “um pouco elevada”, disse o Comitê Federal de Mercado Aberto, repetindo a linguagem usada em sua declaração anterior.

Mas a mais recente declaração destacou os riscos em desenvolvimento que podem deixar o Fed com escolhas difíceis nos próximos meses.

Por aqui, o Copom (Comitê de Política Monetária) também publicará sua decisão nesta quarta, tendo já anunciado anteriormente que deve elevar a taxa Selic, agora em 14,25% ao ano, em uma magnitude menor que os aumentos anteriores recentes de 1 ponto percentual -81% das apostas apontam para uma alta de 0,5 ponto percentual, enquanto 19% preveem aumento de 0,25 ponto.

Em reunião da FPE (Frente Parlamentar do Empreendedorismo), nesta terça, o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, voltou a defender que o Banco Central não considere as variações de preços de alimentos e energia ao analisar a inflação para tomar decisões de política monetária.

Alckmin disse que uma taxa Selic em nível alto tem um “impacto brutal” sobre o custo de capital e a competitividade do Brasil, além de um “efeito gigantesco” sobre a dívida pública.

Já o Fed deve manter inalterada a taxa de juros nos EUA em meio às tarifas de Trump, o que lança uma sombra de incerteza sobre as perspectivas econômicas. O Fed tem mantido a taxa básica de juros na faixa de 4,25% a 4,50% desde dezembro.

As autoridades do Fed preveem que as tarifas irão aumentar tanto a inflação quanto o desemprego, embora não se saiba ao certo em que grau e por quanto tempo.

Os movimentos da moeda brasileira também ocorriam na esteira de uma aversão maior a ativos de risco nesta sessão, uma vez que os mercados começam a mostrar impaciência com a falta de detalhes sobre as negociações comerciais que os EUA vêm realizando com uma série de países.

O presidente Donald Trump disse nesta terça-feira que ele e as principais autoridades do governo analisarão nas próximas duas semanas os possíveis acordos comerciais para decidir quais serão aceitos.

Trump também disse que a China quer negociar um acordo comercial para acabar com as tarifas concorrentes.

“Eles querem negociar e querem se reunir”, afirmou. “E nós nos reuniremos com eles no momento certo.”