O Brasil melhorou sua posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e agora ocupa o 84º lugar entre 193 países avaliados. O dado foi divulgado nesta terça-feira (6) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), durante o lançamento do relatório anual no Rio de Janeiro.

O novo índice, que considera expectativa de vida, educação e renda per capita, mostra que o país alcançou 0,786 pontos — um resultado considerado “alto desenvolvimento humano”. Em 2022, o índice era de 0,780, o que representa um crescimento de 0,77% e uma escalada de duas posições no ranking, superando países como Moldávia e Palau.

O relatório, no entanto, revela que essa conquista não é tão simples quanto parece. Quando o IDH brasileiro é ajustado pelas desigualdades sociais, o número cai para 0,594 — o que empurra o país para a 105ª posição global, com classificação de desenvolvimento médio. Ou seja: apesar dos avanços gerais, a desigualdade ainda puxa o Brasil para baixo.

Outro dado que chama atenção: mulheres brasileiras têm um IDH médio de 0,785, ligeiramente superior ao dos homens (0,783), graças a indicadores melhores de escolaridade e longevidade. Por outro lado, o PIB per capita delas ainda é menor.

O destaque latino-americano no ranking é o Chile, na 45ª posição. Outros países da região, como Argentina, Uruguai e Panamá, também figuram entre os de mais alto desenvolvimento. No topo global, a Islândia ultrapassou Noruega e Suíça e agora lidera o ranking, com 0,972. Já o pior IDH é do Sudão do Sul: 0,388.

O relatório também trouxe uma novidade: a análise do IDH ajustado pela pegada de carbono de cada país. Nesse quesito, o Brasil tem desempenho mais favorável, com 0,702 pontos e 77º lugar.

O tema central do relatório deste ano é o impacto da inteligência artificial no desenvolvimento humano. Para o administrador do Pnud, Achim Steiner, a IA deve ser usada como aliada da humanidade — não como ameaça. “Ela precisa ampliar nossa criatividade e nossa capacidade de resolver problemas, não aprofundar as desigualdades”, afirmou.

Apesar do avanço geral, o Pnud alerta que o progresso global tem sido o mais lento da história recente. Segundo os especialistas, sem mudanças no ritmo atual, o mundo pode levar décadas para alcançar um nível realmente alto de desenvolvimento humano. E, como mostrou o caso brasileiro, a desigualdade ainda é o grande obstáculo no caminho.