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Em um domingo repleto de declarações estratégicas e tons conflitantes, Volodymyr Zelensky, Vladimir Putin e Donald Trump expuseram ao mundo suas versões — e visões — sobre o destino da guerra na Ucrânia, que já ultrapassa os três anos de duração. Embora nenhum dos líderes tenha anunciado medidas concretas, suas falas revelaram, mais uma vez, o abismo diplomático que impede o fim do maior conflito europeu desde a Segunda Guerra Mundial.

Zelensky, ao lado do presidente tcheco Petr Pavel, mostrou-se aberto a uma trégua, dizendo que um cessar-fogo “é possível a qualquer momento”. O discurso conciliador veio após Praga prometer o envio de quase 2 milhões de projéteis à Ucrânia em 2025 — apoio militar que, na visão de Kiev, é essencial para pressionar Moscou à mesa de negociações.

Enquanto isso, do outro lado da fronteira e do espectro político, Putin comemorava seus 25 anos no poder com uma gravação televisionada. O presidente russo descartou o uso de armas nucleares, mas reforçou sua convicção de que a Rússia “tem força e recursos para concluir o que começou em 2022”. A fala seguiu o mesmo tom frio e calculado que tem marcado sua condução da guerra, mesmo após um ataque mortal recente na cidade de Sumy, que deixou dezenas de mortos e reacendeu a indignação internacional.

Já Donald Trump, falando à emissora NBC, tentou posicionar-se como mediador impaciente. Repetindo seu desejo de encerrar o conflito, também criticou a falta de progresso nas negociações e alertou que os Estados Unidos poderão se afastar do processo caso não haja avanços. No entanto, a retórica oscilante do ex-presidente — que já alternou elogios e críticas a Putin — evidencia o paradoxo da diplomacia americana: cobra por paz, mas hesita em assumir protagonismo.

Enquanto a guerra continua a devastar cidades e vidas, as falas dos três líderes revelam não só a distância entre suas posições, mas também a ausência de um plano comum. Com Xi Jinping prestes a visitar Moscou e o apoio interno de Putin inabalado segundo pesquisas russas, o impasse persiste — alimentado tanto por mísseis quanto por microfones.

Se o cessar-fogo proposto por Zelensky parece distante, é porque os caminhos apontados por seus pares seguem em direções opostas. Por ora, o palco global permanece armado — sem cortinas fechadas, sem aplausos, e com a plateia mundial em suspense.