RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Ídolo da maior torcida do Brasil, Pedro é considerado um dos principais centroavantes do país. Porém, muito antes de encantar os torcedores do Flamengo e os fãs de futebol em geral, ele já fazia sucesso e balançava as redes nas quadras cariocas quando ainda era conhecido como “Queixinho”.
‘QUEM É DO MÉIER NÃO BOBÉIER’
Quem conhece o subúrbio do Rio de Janeiro sabe na ponta da língua uma famosa frase que atravessa gerações e que caracteriza o bairro do Méier, na Zona Norte, onde o atacante foi nascido e criado: “Quem é do Méier não bobéier”.
Fazendo jus ao ditado, Pedro não bobeou quando teve a oportunidade de dar seus primeiros passos no mundo da bola ingressando na categoria sub-7 do Mackenzie, famoso clube de futsal da região e que foi fundado em 1914.
Hoje diretor de esportes da agremiação, José Marcos foi treinador de Pedro dos 7 aos 17 anos, entre idas e vindas do jogador no campo e no salão. Ele garante que o faro de gol vem desde criança.
“Ele sempre foi pivô no futsal. Era como se fosse um centroavante, hoje não tem mais esse tipo de pivô. Era um absurdo a percepção dele, a criatividade dele, era impressionante. Ele fazia gols simplificando muito, uma coisa que não era tão óbvia, ele ia e fazia. Era um artilheiro nato”, afirma José Marcos, treinador de Pedro no Mackenzie.
APELIDO O ACOMPANHOU QUASE ATÉ O PROFISSIONAL
E foi ali no Mackenzie que ele ganhou o apelido de Queixinho, que o acompanhou até pouco antes de se profissionalizar. A oficialização do nome Pedro aconteceu já na transição do atacante da base para o profissional do Fluminense.
“Ele foi chamado assim desde pequeno, até chegar ao profissional. Acho que depois os clubes começaram a pedir para parar, como geralmente fazem hoje em dia. Acredito que foi isso. Mas eu, particularmente, nunca o chamei assim, sempre o chamei de Pedro. Antigamente tinha essa cultura do apelido, e eu até concordo que não deva ter mais”, diz José Marcos.
CARACTERÍSTICAS DO FUTSAL NO CAMPO
Presidente do Mackenzie há décadas, Eugênio Bastos enxerga diversas características do futsal que Pedro ainda aplica no campo, principalmente a proteção da bola e o estilo pivô, onde consegue segurar os marcadores, girar para a finalização ou servir os companheiros.
“Ele sempre gostou de fazer essa proteção com a ‘asa’ aberta. Ele faz isso muito bem. Não é fominha, muitas vezes procura a opção do passe para o companheiro mais bem colocado. É um grande jogador”, diz Eugênio.
Pedro não foi o único jogador que atua no futebol profissional e que já passou pelo futsal do Mackenzie. Estão também na lista o goleiro Hugo Souza (Corinthians), os volantes Caio Alexandre (Bahia), Alexsander (ex-Fluminense) e Ronald (Vitória), o meia Pepê (Grêmio), entre outros.
O Neneca (antigo apelido de Hugo Souza) também jogou no Mackenzie, é da geração seguinte a do Pedro. “Esse gol que o Pedro fez nele foi puro futsal (no 4 a 0 do Fla sobre o Corinthians). Eu achei até curioso porque ele está vindo de uma contusão, mas isso é visão do futsal. Quando o Neneca saiu jogando errado, ele bateu de primeira. Isso é puro futsal”, afirma José Marcos.
NÃO ERA TRAVESSO: ‘O NEGÓCIO DELE ERA JOGAR BOLA’
O perfil sereno de Pedro no Flamengo já o acompanhava desde pequeno. Nem mesmo na infância e na adolescência ele deu trabalho no Mackenzie. O que importava para o aspirante à atacante era balançar as redes adversárias.
O Pedro sempre foi muito tranquilo, calado. E naquela idade os meninos são levados. Esses goleiros são brabos (risos), mas eu sei lidar com eles, fico sempre na brincadeira, o Pedro ria pra burro. Ele não era sacana, o negócio dele era jogar bola.José Marcos, ex-técnico de Pedro no Mackenzie
ORGULHO DO MÉIER
O Méier é um bairro muito tradicional do subúrbio carioca. De lá surgiram, por exemplo, o sambista João Nogueira e a apresentadora Fátima Bernardes. Mais recentemente, ganhou fama por ser o local ficcional do programa de humor “Vai que Cola”, do Multishow.
Pedro é o “cria” do mundo da bola. O atacante morou na região até a adolescência e início da juventude, mais precisamente na rua Aquidabã. Por lá, inclusive, chegou a comemorar o aniversário com a temática do Flamengo, seu clube de coração desde pequeno.
Quando tinha jogo do Flamengo, a casa dele ficava cheia. A família toda sempre foi muito Flamengo. Era a maior animação e ia até tarde.Alexandre Sandim, ex-vizinho de Pedro no Méier
Presidente do Mackenzie, Eugênio Bastos não esconde o orgulho do prata-da-casa ilustre do clube. O dirigente, que também é professor, o coloca como espelho para os mais jovens.
“Como professor, fico muito feliz por saber que ele foi em busca de um sonho e conseguiu realizá-lo, se transformou num atleta de ponta. Eu sou tricolor (torcedor do Fluminense), mas nesse aspecto eu tenho admiração pela pessoa. Quando o Zico jogava eu ia aos jogos ver o Zico. Eu sempre admiro a pessoa. Eu digo para os jovens que tem que ir em busca dos sonhos”, diz Eugênio.