SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O avião está entre as grandes invenções da humanidade. Assim como a roda, a eletricidade e a internet abriram um infinito de possibilidades nas nossas vidas, poder ir de um lugar a outro voando -e não mais apenas por terra ou pela água- mudou a nossa forma de viver no planeta Terra.

Na época em que o avião foi inventado, ali no começo dos anos 1900, o Brasil já recebia muitos imigrantes italianos, que levavam cerca de 20 dias de navio para atravessar o Atlântico e aportar no litoral de São Paulo ou do Rio Grande do Sul. Imigrantes japoneses também começaram a chegar por aqui mais ou menos nessa época -para eles, a viagem era ainda maior, durava cerca de 60 dias. Hoje, é possível ir de São Paulo a Tóquio, no Japão, em 24 horas, fazendo apenas uma escala no meio do caminho.

Mas como essas máquinas, que chegam a pesar 560 toneladas (o equivalente a 560 carros populares) quando totalmente carregados, conseguem levantar do chão e chegar do outro lado do mundo tão facilmente? Veja a seguir.

POTÊNCIA MÁXIMA

Visto de frente, o motor do avião parece um grande ventilador invertido, com várias pás que giram, puxando o ar da frente e o jogando para trás. Parte desse ar realmente só passa por dentro do motor, mas uma outra parte é direcionada a outros conjuntos de pás, que o comprimem e o levam até a câmara de combustão, o coração do motor.

Lá dentro dessa câmara, o combustível armazenado nas asas é pulverizado e, ao entrar em contato com o ar comprimido (esse grande concentrado de oxigênio), gera uma grande explosão. Mas o motor não explode, é claro. A força gerada por essa explosão é direcionado para trás -puxando na mesma direção todo o ar ao redor.

DANDO UMA FORÇA

O enorme e constante fluxo de ar gerado pelo motor só tira o avião do chão graças ao desenho das asas. Apesar de parecerem retas, elas são ligeiramente inclinadas. Quando o ar passa, ele atinge a parte de baixo delas, jogando o avião para cima -é a força que a ciência chama de sustentação. E quando essa força se torna maior que a força da gravidade, o avião, enfim, voa. Uma parte do ar também passa por cima da asa, mas como faz uma curva, tem menos pressão, o que também ajuda o ar a empurrar o avião para o alto.

DETALHES FAZEM TODA A DIFERENÇA

A cada novo modelo de avião, os fabricantes (como a Boeing, a Airbus e a brasileira Embraer) fazem pequenas modificações que melhoram a sua aerodinâmica -isto é, a interação do ar com o avião. A pontinha das asas é um ótimo exemplo disso. Por muito tempo, elas foram retas, mas desde os anos 1990 elas passaram a ter as pontas em formato de L, viradas para cima. São os winglets, que reduzem o arrasto, que é a resistência do ar contra o avião -com isso, ele gasta menos combustível durante as viagens.

COMO OS PÁSSAROS

Além de inclinadas, as asas do avião também são móveis. Graças aos flaps e aos slats, componentes que se estendem ou se retraem como as asas dos pássaros, as asas do avião conseguem aumentar ou diminuir a sua área de contato com o ar de acordo com a necessidade de cada etapa do voo. No pouso, por exemplo, elas atingem sua largura máxima, como se fossem um paraquedas. Há também os spoilers, que funcionam como freios aerodinâmicos, e os ailerons, que ajudam o avião a girar no seu próprio eixo para fazer curvas.

GRANDÕES E PEQUENINOS

Quanto mais longe um avião vai, mais combustível ele precisa e, portanto, maior ele tem de ser. Um dos maiores aviões em operação é o Boeing 777, que pode voar até 17 mil km. Para dar conta, o motor dele também precisa ser grandão: são 3,3 metros de diâmetro, que é quase o mesmo diâmetro da fuselagem (o corpo) do Boeing 737, aquele avião menor, de um só corredor. Ao longo do tempo, os fabricantes também têm conseguido construir aviões mais leves, feitos de fibra de carbono -assim, eles conseguem ir cada vez mais longe com a mesma quantidade de combustível.