Da Redação
Com 24 pontos marcados na final e um papel decisivo na vitória do Osasco sobre o Sesi-Bauru por 3 sets a 1, Tifanny Abreu entrou para a história da Superliga Feminina de Vôlei como a primeira mulher trans a conquistar o título — e ela faz questão de lembrar de onde tudo começou: Goiânia.
“Foi ali, nas ruas do bairro, com uma rede improvisada e muita vontade, que aprendi a jogar vôlei. Eu tinha 16 anos, nem sonhava com o profissional ainda”, contou a atleta em entrevista ao podcast Cientista do Esporte, dias antes da final.
Nascida em Paraíso do Tocantins e criada em Conceição do Araguaia, foi apenas na capital goiana que Tifanny se viu, de fato, dentro do esporte. Em 2000, quando estudava no Colégio Estadual Antônio Oliveira da Silva, no Parque Amazônia, participou dos jogos escolares de Goiânia — experiência que marcaria para sempre sua trajetória. Mesmo sem tática elaborada, a equipe venceu escolas mais experientes e deu início a um projeto de vôlei que até hoje funciona na unidade.
“Foi nossa vitória que impulsionou o projeto. Aquilo mostrou que era possível”, recorda, com orgulho.
Hoje, aos 40 anos, ela carrega o hexacampeonato do Osasco e o pioneirismo de ser a única atleta trans na elite do vôlei nacional. Tifanny destaca a importância da formação em Goiânia e o papel transformador do seu primeiro treinador, Wesley. “Foi ele quem viu potencial em mim e me lapidou. Mudou minha posição em quadra, me preparou para o alto nível”, disse.
Apesar do carinho por Goiás, a falta de estrutura no esporte local a fez buscar crescimento em São Paulo. “Infelizmente, como acontece em muitos estados, o investimento esportivo em Goiás ainda é limitado. São Paulo me deu as oportunidades que eu precisava para virar atleta profissional.”
Mais que um título, Tifanny celebra um ciclo de resistência, superação e afeto. “Tenho orgulho de onde vim. Goiânia me formou como jogadora e como pessoa.”