SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a afirmar nesta sexta-feira (2) que seu governo vai retirar o status de isenção fiscal do qual Harvard usufrui. “É o que eles merecem!”, escreveu o republicano em uma publicação em sua rede social, a Truth Social, sem especificar quando tomaria a medida.

A declaração é mais um capítulo do embate entre a Casa Branca e as universidades americanas. O governo de Trump exige uma série de ações dessas instituições, como uma auditoria das opiniões de estudantes e professores, sob a ameaça de retirar subsídios.

Harvard, que não se manifestou imediatamente sobre a mais recente declaração, foi a primeira grande universidade americana a desafiar as ameaças do republicano, em abril.

Trump classifica diversas entidades de educação e imprensa de esquerdistas, marxistas e tendenciosas. Ao justificar o cerco às universidades, porém, costuma afirmar que as instituições não fizeram o suficiente para coibir atos antissemitas durante os protestos contra a guerra na Faixa de Gaza em seus campi no ano passado.

Em uma carta enviada pelo governo a Harvard no dia 11 de abril, o departamento de Educação americano exigiu que a universidade trabalhasse para reduzir a influência de docentes, funcionários e alunos que, segundo a gestão Trump, são “mais comprometidos com o ativismo do que com o conhecimento” e que um painel externo auditasse os membros da comunidade acadêmica para garantir “diversidade de pontos de vista”.

A carta também exigiu que Harvard eliminasse qualquer política afirmativa baseada em raça, cor ou nacionalidade até agosto e avaliasse se estudantes estrangeiros “para evitar a admissão de alunos hostis aos valores americanos”. O governo exigia ainda que a instituição denunciasse às autoridades federais de imigração aqueles que violassem regras de conduta.

Harvard se recusou a cumprir as exigências do governo, que, em retaliação, anunciou o congelamento de US$ 2,2 bilhões (quase R$ 13 bilhões) em fundos federais. Além disso, exigiu um pedido de desculpas da universidade, o que não aconteceu.

“A universidade não renunciará a sua independência nem abrirá mão de seus direitos constitucionais. As demandas do governo vão além do poder da gestão federal”, afirmou o reitor de Harvard, Alan Garber, na ocasião.

A instituição também processou o governo no final de abril pelo congelamento de recursos, afirmando que a medida desrespeita a Primeira Emenda da Constituição americana, que protege a liberdade de expressão.

“O governo não identificou —e não pode identificar— qualquer conexão racional entre as preocupações com antissemitismo e as pesquisas médicas, científicas, tecnológicas e outras que congelou e que visavam salvar vidas americanas, promover o sucesso americano, preservar a segurança americana e manter a posição dos EUA como líder global em inovação”, afirmou Harvard no documento do processo.